domingo, 22 de fevereiro de 2009

Adoração a Anjos


"Não deixem que ninguém os condene, afirmando que é superior porque tem visões especiais e insistindo na falsa humildade e na adoração de anjos. Essa pessoa, sem motivo algum, está cheia de orgulho por causa do seu modo humano de pensar" (Colossenses 2.18 - Bíblia na Linguagem de Hoje).
Já faz algum tempo que tenho percebido o fato de que algumas igrejas, principalmente pentecostais, têm atribuído aos anjos um papel de grande destaque em seus cultos, enfatizando-os, aliás, além do necessário. Nessas igrejas fala-se muito, por exemplo, sobre "o anjo de fogo", "o anjo da cura", "o anjo da restauração", "o anjo da vitória", "o anjo do livramento", "o anjo do rétété" etc.

Em parte, a responsabilidade pela existência de toda essa "anjarada" se deve ao ambiente exageradamente místico e sobrenaturalista de muitas igrejas, o qual propicia o ambiente perfeito para a proliferação de tais excessos. Por outro lado, nosso hinário também tem fomentando, ainda mais, essa angelolatria. Hinos como "Jacó Segurou o Anjo" e "Anjos de Deus" (regravado pelo padre Marcelo), que tem o refrão: "Tem anjos voando neste lugar...", foram cantados repetidas vezes em nossos cultos, de forma quase hipnótica, o que contribuiu para toda essa "febre angelical" (lembrando que "febre" é um sintoma de que há algo errado no "corpo"). Não é preciso ter muita erudição bíblica e teológica para saber que essa ênfase angelical desmedida acaba se tornando, muitas vezes, idolatria (ainda que inconscientemente), ou para ser mais específico, "angelolatria".

Na carta de Paulo aos colossenses, o apóstolo lhes adverte quanto ao perigo da adoração a anjos. Tal advertência é justificada pelo fato de haver na cidade de Colossos uma religiosidade extremamente sincrética, a qual incluía em seu contexto vários elementos extraídos do paganismo e, em particular, a adoração a anjos. Portanto, em seu escrito, Paulo alerta aos crentes colossenses, orientando-os para que não se deixassem enganar pelos ensinos dos falsos mestres, com destaque especial às questões de angelologia.

Acredito que a Bíblia seja muito clara no que concerne ao fato de que os anjos são apenas nossos conservos no serviço divino, e não seres merecedores de adoração (Hb 1.13,14). Aliás, isso está muito evidente em Ap 22.8,9, onde João é repreendido pelo anjo ao querer prestar-lhe adoração.

Esse contexto de grande ênfase angelical me fez pensar na atenção redobrada que devemos ter quanto à disseminação de outros "novos tipos de anjos" (além dos acima mencionados) que podem querer invadir nossos arraiais evangélicos. A propósito, ao refletir a respeito dos nomes dos anjos, um detalhe me chamou a atenção: os dois principais anjos citados na Bíblia têm os seus nomes terminados com o sufixo -el, isto é, Gabriel e Miguel. A minha preocupação é que, baseados nisso, os angelólatras de plantão possam acrescentar outros novos anjos ao seu rol de seres celestiais. Cito aqui alguns "anjos" que poderiam compôr essa lista pentecostal:


O Anjo do SBT - AbravanEL

O Anjo das Telecomunicações - AnatEL

O Anjo das Rodovias - RodoanEL

O Anjo do Nordeste - SarapatEL

O Anjo das Crianças - CarrossEL

O Anjo do Natal - Papai NoEL

O Anjo dos Aparelhos Celulares - NextEL

O Anjo das Histórias em Quadrinhos - MarvEL

O Anjo (ou "Anja") dos Contos de Fadas - RapunzEL

O Anjo dos Microprocessadores - IntEL

O Anjo (ou "demônio") dos Smurfs - GargamEL

O Anjo dos Cabelos Rebeldes - GEL


Assim como os anjos mencionados: "da Cura", "da Vitória" e "do Livramento", esses "anjos" que acabei de citar também atuam em "áreas específicas"... Eu, hein?! Já pensou se essa angelomania pega?!

Abraços,

Autor: Carlos Augusto Vailatti

Um comentário:

  1. gostei muito do seu blog e do que vc fala desta doutrina de anjos,mas no segundo paragrafo você esqueceu de adicionar os c,carismaticos. e completando este ótimo raciocinio seu, esta doutrina não é pentecostal e sim dos neopentecostal.porque a igreja católica firmada na pedra que é cristo nasceu em berço pentecostal.

    ResponderExcluir