domingo, 29 de março de 2009

Drive-Thru de Oração


A Catedral da Fé da Church of God em Mount Morris, Michigan, ofereceu pela segunda vez o drive-thru de oração.

A história foi destaque no jornal USA Today e apresentou os membros da igreja ao lado da rua, no estacionamento da igreja com cartazes que diziam: "Pare para uma oração!". Os motoristas nem precisaram tirar o cinto de segurança. Era só preencher um pedido de oração e ir até o outro lado da igreja onde o pastor e líderes da igreja estavam prontos para orar.

O Reverendo Chris Martin, pastor da igreja, mencionou que os motivos de oração mais comuns estavam relacionados a emprego, finanças e saúde. “Levar a igreja às pessoas, às ruas, é o objetivo principal. Orar e fazer cultos dentro da igreja é ótimo, mas os problemas estão mesmo aqui fora."

*Extraído de: http://www.crescimentoideias.blogspot.com/

Igreja S/A

(Guaraná Jesus - Refrigerante famoso no Maranhão)

Tempos atrás tomei conhecimento da existência de um refrigerante muito famoso no estado do Maranhão, chamado Guaraná Jesus. Esse refrigerante tem como seus slogans principais: "O Sonho Cor-de-Rosa" e "Abençoe sua sede!".

Esta grande sacada de marketing, que une religião e bens de consumo em um mesmo "pacote", me despertou para a seguinte reflexão:

Não é somente no estado do Maranhão que o nosso Jesus é comercializado. Nós também podemos verificar esta mercantilização do sagrado ou esta comercialização da fé (como você preferir chamar) em muitos de nossos mercados (ops, desculpe, eu quis dizer "templos") evangélicos.

Aliás, já que estamos falando sobre consumismo, soube que existe inclusive um termo apropriado para se referir a ele. Se chama Oniomania (do grego onios = "à venda"; mania = "insanidade"), termo médico usado para descrever o desejo compulsivo de fazer compras. É isso mesmo, tal desejo exacerbado de consumir já é visto como doença!

A partir desses dados, creio que seja inevitável pensar sobre a "mentalidade de mercado" que tem assombrado o nosso evangelicalismo, sobretudo, pentecostal e neopentecostal, nos últimos tempos.

Esse tipo de mentalidade eclesiológica de mercado faz uma pesquisa de campo, estuda o comportamento dos consumidores (os futuros crentes ou os já convertidos), escolhe o seu público-alvo (classes: A, B ou C - preferencialmente as duas primeiras classes), estrutura qual é a melhor estratégia para alcançá-lo (culto dos milagres, noite da cura, vigília da prosperidade etc) desenvolve produtos que melhor se encaixem em seu perfil (louvor, estudo bíblico, pregação, coreografia, oração etc), estipula o preço destes produtos (você tem que ser um cliente - ops, novamente me desculpe, quero dizer, você tem que ser um contribuinte bem liberal em suas ofertas) e, finalmente, tais produtos, depois de precificados, são expostos em suas prateleiras eclesiais.

Bem, você pode até achar que eu estou "pegando pesado" (e tem todo o direito de pensar o que quiser), mas a verdade infelizmente é essa. Muitas de nossas igrejas se descaracterizaram como tais e, em vez de serem vistas como pronto-socorros espirituais, acabaram se transformando em verdadeiros supermercados da fé. Aliás, confesso que não estranharia se entrasse em uma igreja e ouvisse o pastor dizendo o seguinte do púlpito:

"Vamos entrar freguesia! Aproveite bem as compras, porque os produtos estão bem baratos. A santificação sai pela metade do preço. A obediência a Cristo está com 40% de desconto. A leitura da Bíblia é opcional. Você pode lê-la ou não. Fica a seu critério. Aqui nós temos todos os tipos de produtos para todos os tipos de gostos. Não se preocupe com obrigações e deveres cristãos, pois aqui não é você que deve se adaptar ao Evangelho, mas sim o Evangelho é que deve se adequar a você. Por isso, venha como está e permaneça da forma como se sentir melhor. Aqui, quem manda é o cliente (quero dizer, o crente). Se quiser cantar no coral, pregar ou participar de qualquer outro departamento, ainda que não tenha o dom para isso, não se desespere, pois não há dom que não possa ser concedido mediante uma generosa contribuição. Quanto aos dízimos e às ofertas, se você não puder dar o dízimo em dinheiro, dê em cheque. E se não puder pagar o dízimo à vista, nós aceitamos que você o divida em três cheques pré-datados (para 30, 60 e 90 dias). Ainda assim, se você não puder pagar o seu dízimo em dinheiro ou cheque, nós também o parcelamos em 3x no cartão. De preferência, no MASTERCARD, pois, afinal de contas, o nome já diz tudo, ele é o CARTÃO DO MESTRE. Bom, eu espero sinceramente que você tenha feito ótimas compras e que volte sempre!".

É pra rir ou é pra chorar?!

Autor: Carlos Augusto Vailatti

Superstições de Crentes

Você se considera supersticioso? Ainda não sabe ao certo? Bem, nas linhas abaixo tentarei ajudá-lo(a) a responder a esta pergunta. Francisco da Silveira Bueno, em seu Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa, definiu "superstição" nestes termos: "falsa crença, temor reverencioso de certos objetos, gestos, palavras, animais considerados capazes de dar azar".

Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas, a verdade é que a superstição está presente na vida do brasileiro desde o seu nascimento até a sua morte. Muitos acreditam, por exemplo, que se a barriga de uma gestante possuir um formato redondo, isso indica que nascerá uma menina. E se, por outro lado, a barriga for pontuda, o bebê será um menino. Além disso, acredita-se que enterrar o cordão umbilical de um recém-nascido na soleira da porta faz com que a criança seja caseira. Outros ainda crêem que se uma criança sorri enquanto dorme, é porque ela está conversando com um anjo. Já na fase mais adulta, dizem que a moça que varre bem a sua casa irá se casar com um homem bonito. Há também quem diga que coar café em meia usada pelo namorado dá em casamento (Isso se a namorada sobreviver após ter dado uns goles!). Além do mais, quem é que nunca ouviu falar que o noivo não deve ver a sua noiva vestida em traje nupcial antes do casamento, pois senão isso atrai azar ou infelicidade para o casal?! Ora, por fim, a nossa religiosidade brasileira, saturada de elementos religiosos sincréticos, ainda diz que o grasnar de um corvo anuncia a morte, que o doente que encomendar o próprio caixão custará a morrer e que sonhar com dente arrancado também prenuncia a morte.

E como se isso tudo já não bastasse, ainda temos que tomar cuidado para não passarmos debaixo de escadas, não quebrar espelho e não cruzar com gato preto, dentre tantas outras coisas, pois tudo isso dá azar. Por outro lado, se você quiser atrair a sorte, basta pendurar um galhinho de arruda na orelha, ter uma ferradura usada em casa, carregar um trevo de quatro folhas consigo, portar dentes de alho, levar uma figa, ou ainda trazer um pé de coelho, pois tudo isso dá sorte (menos ao coelho, é claro, que teve a sua pata amputada neste último caso!).

Contudo, a esta altura você deve estar se perguntando: "mas o que eu tenho a ver com tudo isso? Eu sou crente e, portanto, não tenho nenhuma dessas superstições". Bem, se você não possui nenhuma dessas superstições, acredito que, pelo menos, você conhece quem as tem. Porém, não são somente os não-crentes que são supersticiosos. O fato é que muitos crentes também possuem algumas superstições que, quando analisadas mais friamente, parecem não ser tão diferentes assim das citadas acima. Quer ver só?

Muitos cristãos evangélicos acreditam: que ser "cristão" significa ir à igreja aos domingos; que a oração feita pelo pastor tem mais "poder" que a oração feita por "membros comuns"; que quanto maior for o "grito" do pregador no púlpito durante a pregação, mais ungido ele é; que se as coisas estão dando errado na vida, é porque há algum "pecado oculto"; que falar em línguas durante o culto é sinal de espiritualidade; que quem se dirige ao monte para orar vê gravetos incandescentes; que para ouvir a voz de Deus em momentos difíceis, basta abrir a Bíblia aleatoriamente em qualquer página e, onde o seu dedo parar, é só ler o texto "divinamente indicado", pois Deus falará poderosamente; que pecados na área sexual, como o adultério, por exemplo, são mais graves do que outros tipos de pecado; que dizer as palavras mágicas: "o sangue de Jesus tem poder!", funciona como um mantra gospel que tem o poder de repelir os demônios; que os elementos da Santa Ceia, pão e vinho, são tão santos que todas as suas sobras, se houverem, devem ser literalmente enterradas depois da celebração litúrgica; que subir ao púlpito sem paletó e gravata diminui a unção do pregador (nesse caso, coitado de Jesus que não tinha nem um e nem o outro!); que deixar a Bíblia aberta em casa (e tem muito crente que faz isso!) afasta os demônios; que quanto mais ofertarem na Casa de Deus, mais "poder de barganha" terão com ele; que o culto só é abençoado quando sentem algum tipo de sensação espiritual, tal como um "arrepio" em alguma parte do corpo, por exemplo; e que, finalmente, Satanás e os demônios são os responsáveis por certos comportamentos negativos que os seres humanos apresentam, os quais, na verdade, são fruto do livre-arbítrio destes últimos. Daí repreenderem, por exemplo, os "espíritos" de inveja, medo, ódio, adultério, fofoca, mentira etc. Será que você não conhece ou nunca conheceu algum crente que possui estas falsas crenças ou esse temor reverente por tais crenças? Sinceramente, duvido que a sua resposta será "não".

Acredito que se tais superstições ainda florescem em muitas de nossas igrejas, isso ocorre porque o povo de Deus não está sendo ensinado como deveria nos rudimentos do Evangelho de Cristo. Onde a fé consistente em Cristo vascila - e a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.17) - aí crescem as ervas daninhas dessa nossa "superstição evangélica".

Na paz de Cristo,

Autor: Carlos Augusto Vailatti

*Esse texto de minha autoria foi publicado anteriormente no site: www.guiame.com.br.

sexta-feira, 27 de março de 2009

A História do VCC

A historinha que será contada abaixo, embora antiga, trata de um problema bem atual. Ela nos faz pensar no fato de que muitas pessoas querem servir a Deus, mas infelizmente ainda não estão preparadas para isso. Ela nos faz refletir bastante sobre o tipo de "alimento espiritual" que tem sido oferecido nos púlpitos de muitas igrejas por aí. Ótima leitura!

Conta-se que certo caipira estava no seu trabalho rotineiro, num canavial, quando, de repente, olhou para o céu e teve uma visão. Ele viu as nuvens formarem as letras VCC.

Como era muito religioso, o caipira julgou que aquelas letras significavam: "VAI, CRISTO CHAMA". Fiel à visão, ele correu até o pastor de sua Igreja e contou-lhe o que havia ocorrido, chegando à conclusão de que gostaria de devotar o restante de sua vida à pregação do evangelho.

O pastor, surpreso diante do relato, disse:

- Mas para pregar o evangelho, é preciso conhecer a Bíblia. Você conhece a Bíblia o bastante para sair pelo mundo afora pregando a sua mensagem?

- Claro que sim, sô! - Disse o caipira.

- E qual é a parte da Bíblia que você mais gosta e conhece?

- As parábolas de Jesus, principalmente a do bom samaritano.

- Então, conte-a! - Pediu o pastor, querendo conhecer o grau de conhecimento bíblico daquele futuro pregador do evangelho. O caipira começou então a contar a "Parábola do Bom Samaritano", segundo a sua versão. Disse ele:

"Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu entre os salteadores. E ele lhes disse: 'Varões irmãos, escutai-me: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou'. E entregou-lhes os seus bens, e a um deu cinco talentos, e a outro, dois, e a outro, um, a cada um segundo a sua capacidade. E partindo dali, foi conduzido pelo Espírito ao deserto, e tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, teve fome, e os corvos alimento lhe traziam, pois alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. E sucedeu que indo ele andando, eis que um carro de fogo o ocultou da vista de todos. A rainha de Sabá viu isso e disse: 'Não me contaram nem a metade'. Depois disso, ele foi até a casa de Jezabel, a mãe dos filhos de Zebedeu, e disse: 'Tiveste cinco maridos, e o homem que agora tens, não é teu marido'. E olhando ao longe, viu a Zaqueu pendurado pelos cabelos numa árvore e disse: 'Desce daí, pois hoje almoçarei na tua casa'. Veio Dalila e cortou- lhe os cabelos, e os restos que sobraram foram doze cestos cheios para alimentar a multidão. Portanto, não andeis inquietos dizendo: 'Que comeremos?', pois o vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas. E todos os que o ouviram se admiraram da sua doutrina."

O caipira, ansioso para saber como havia se saído, olhou para o pastor e perguntou: - E então, pastô, eu tô pronto para pregá o evangelho?

- Olha, meu filho - disse o pastor - eu acho que aquelas letras que você viu no céu não significavam: "Vai, Cristo Chama". Antes, deveriam ser lidas: "VAI CORTAR CANA".

*Texto de autoria desconhecida.

quinta-feira, 26 de março de 2009

No Princípio era o Verbo...

"No princípio era o verbo" (Início de João 1.1 em grego)

Acredito que uma das mais belas designações através da qual Jesus é conhecido nas Escrituras, seja aquela que se refere a ele em Jo 1.1 como o LOGOS, ou seja, a "palavra". Porém, confesso que tenho uma certa predileção por traduzir a palavra grega logos por verbo, como o fazem, por exemplo, as versões bíblicas: Almeida, Revista e Corrigida, Almeida, Revista e Atualizada, Bíblia de Jerusalém e Tradução Ecumênica da Bíblia, entre outras.

Após refletir um pouco sobre o significado da palavra "verbo" no contexto de nossa língua portuguesa, achei algumas "pontes" interessantes que, segundo penso, fazem uma ligação metafórica muito instrutiva entre o nosso verbo divino, Jesus, e o verbo da gramática. Eis as "pontes":

1ª) Em nossa língua portuguesa, o verbo é a palavra que confere sentido a uma oração. Se eu me dirigir a você dizendo, por exemplo, "ela", você não entenderá coisa alguma. Mas, se eu incluir um verbo na minha fala e disser: "ela orou", daí o significado ficará mais claro. A título de ilustração, creio que a vida de muitas pessoas parece ser sem sentido, pois falta-lhes o elemento essencial, isto é, falta-lhes aquilo que é uma condição sine qua non para que haja sentido na sua existência humana, ou seja, a presença do verbo divino, Cristo.

2ª) Um dos tipos de verbos que chama a minha atenção é o verbo intransitivo, pois ele não exige complemento para que uma oração faça sentido. Jesus, o nosso verbo divino, é intransitivo. Ele não precisa de nenhum complemento, pois é auto-suficiente, soberano e onipotente. Ainda assim, há alguns que entendem que o verbo divino não seja o suficiente, enxergando a necessidade de complementá-lo com algo a mais. Dessa forma, alguns dizem que precisamos de "Jesus + tradições humanas". Outros afirmam que precisamos de "Jesus + dogmas". Outros ainda declaram que precisamos de "Jesus + regras eclesiásticas denominacionais". E, por fim, existem aqueles que acham que precisamos de "Jesus + legalismos", ou então, "Jesus + modismos teológicos" e assim por diante. Porém, se você me permite dizer, não precisamos de mais nada, a não ser de Jesus. Jesus é o que nos basta. Ele...somente Ele...Nada mais do que Ele...Nada além dEle...

3ª) O verbo é uma palavra que designa ação. A existência de um verbo em uma oração nos sugere a idéia de algo que está em movimento, algo que está acontecendo, algo que está vivo. Deus, quando resolveu entrar em ação na história da existência humana, o fez de forma radical através da encarnação do verbo. A materialização do verbo, por meio da corporificação ou encarnação de Cristo, nos mostra que Ele se secularizou e se fez história em nossa própria história humana.

Ora, Àquele que veio dar sentido à nossa existência sem que precisemos de qualquer outro complemento, seja a glória e o louvor para todo o sempre!

Autor: Carlos Augusto Vailatti

terça-feira, 24 de março de 2009

Êxodo Eclesial: Quando a Igreja se Torna Irrelevante


"E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia, (...) Então, ía ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão". (Mateus 3.1,5).

Esse texto aparentemente inexpressivo de Mateus desenha um quadro cujos contornos são dos mais preocupantes. Ele me faz pensar no fenômeno conhecido como Êxodo Rural, o qual ocorreu no Brasil principalmente entre os séculos XIX e XX. Nessa época, era comum a população campesina abandonar suas casas e transferir-se para as grandes cidades em busca de melhores condições de vida como um todo. Partindo desse exemplo, penso que podemos ver nesse relato do Evangelho algo praticamente análogo.

O texto de Mateus nos mostra as pessoas de Jerusalém indo ter com João no deserto da Judéia. Ora, Jerusalém era o centro da fé judaica. Era o lugar acerca do qual todos os judeus se orgulhavam. Além disso, Jerusalém era o local onde estava situado o templo com toda a sua liturgia, ritual e aparatos. E era dentro desse templo que todas as atividades religiosas eram praticadas. Acontece, porém, que mesmo podendo usufruir de tudo isso, as pessoas saíam de Jerusalém para irem buscar a presença de Deus em um deserto. Bem, mas porque as pessoas faziam isso? Certamente elas agiam assim porque haviam descoberto algo no deserto que ainda não tinham encontrado no templo. 

Isso me faz pensar naquilo que eu chamaria de "Êxodo Eclesial", isto é, o ato das pessoas abandonarem as igrejas e se transferirem para outros lugares que possam lhes oferecer melhores condições de crescimento e amadurecimento espiritual. E o que eu vou dizer a seguir é muito sério. Muitas vezes, as pessoas abandonam as igrejas porque encontram de tudo nelas, menos Deus! E quando Deus não está mais no templo, as pessoas vão à Sua procura onde Ele estiver, ainda que seja num deserto e debaixo de um sol escaldante. Quando Deus não está mais no lugar onde deveria estar, este lugar fica vazio e as pessoas se movem para outro lugar onde Ele possa ser achado. 

Todavia, você deve estar se perguntando: mas por que esse êxodo eclesial ocorre? Bem, acho que tenho algumas possíveis respostas para essa importante pergunta. Acredito que muitas pessoas têm abandonado muitas de nossas igrejas (e talvez nós nem tenhamos nos apercebido disso) pelos seguintes motivos: em nossos cultos há muitos apelos financeiros, mas pouca preocupação com os membros; há muitos avivamentos fabricados pelo homem, mas quase nenhum que tenha sido originado por Deus; há muitas palavras de homens, mas pouca Palavra de Deus; há um excesso de emocionalismo e misticismo, mas pouca reflexão bíblica e teológica; usamos em nossas reuniões um vocabulário peculiar evangeliquês que é fortemente excludente, em vez de adotarmos um idioma mais inclusivo; temos belas coreografias, mas pouca adoração verdadeira. Enfim, damos muita ênfase às bênçãos de Deus, e não ao Deus das bênçãos. Sendo assim, não é de se admirar que tal fenômeno migratório ocorra. 

Entretanto, acredito que não adianta levantarmos o problema, se não buscarmos algumas soluções para tentar resolvê-lo. Sendo assim, em vista de tudo o que foi dito, o que devemos fazer para frear essa debandada de fiéis e para tornar a igreja de Cristo mais relevante em nossa sociedade? Em primeiro lugar, devemos reconhecer que temos cometido inúmeros erros (tais como os citados acima, por exemplo) e temos que buscar de Deus a força necessária a fim de que possamos consertá-los. Em segundo lugar, nossos cultos devem ter uma forte ênfase cristocêntrica, e não antropocêntrica; Cristo deve ser o centro de nossa liturgia e de nossas vidas e não os homens ou as celebridades do mundo gospel. Em terceiro lugar, temos que voltar a levar o estudo da Bíblia a sério. Como vivemos em uma época cujos valores da sociedade são relativos e múltiplos, temos que reafirmar, a cada dia, a autoridade e o valor das Escrituras. E isso tem que ocorrer na prática. E, finalmente, em quarto lugar, temos que resgatar os princípios morais e éticos que, ao que parece, acabaram sendo encaixotados e levados para dentro do porão de muitas igrejas. Acredito que esse item, talvez, seja o mais importante em nossos dias. Em meio a tanta desonestidade, corrupção e imoralidade, o mundo clama por pessoas de bom caráter. É, pode acreditar, tais pessoas estão quase em extinção! 

Enquanto não tomarmos coragem para enfrentar nossos problemas eclesiásticos e corrigir nossos erros, as pessoas continuarão a preferir o deserto em vez de Jerusalém.

Na paz de Cristo,

Autor: Carlos Augusto Vailatti

segunda-feira, 23 de março de 2009

Tá Amarrado!!!


Como vivemos numa época de verdadeira "amarração" no meio evangélico, principalmente em seus segmentos pentecostal e neopentecostal, acredito que vale muito a pena refletirmos sobre o texto abaixo. Boa leitura! (C.A.V.)


"Antes de amarrar Satanás, amarre os seus pés. São eles que o levam para o conselho dos ímpios, para o caminho dos pecadores e para a roda dos escarnecedores (Sl 1.1).

Antes de amarrar Satanás, amarre os seus joelhos, para eles não se dobrarem diante do tentador (Lc 4.7), diante de Baal (1 Rs 19.18) e diante das riquezas (Mt 6.24).

Antes de amarrar Satanás, amarre as suas mãos. As mãos precisam ser santas (1 Tm 2.8).

Antes de amarrar Satanás, amarre o seu coração. Ele não pode amar o mundo, nem o que há no mundo (1 Jo 2.15).

Antes de amarrar Satanás, amarre a sua língua. Ela é um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero (Tg 3.1-12).

Antes de amarrar Satanás, amarre os seus ouvidos. Eles não podem ouvir blasfêmias, irreverências e mentiras.

Antes de amarrar Satanás, amarre os seus olhos. Se os seus olhos forem maus, o seu corpo todo ficará na escuridão.

Antes de amarrar Satanás, amarre a sua mente. Ela precisa ficar cativa a Cristo.

Antes de amarrar Satanás, amarre o seu gênio. Se você não suporta um revés, uma ofensa, uma crítica, uma dor - você é incapaz de viver neste mundo.

Antes de amarrar Satanás, amarre a sua vaidade pessoal. A soberba é um pecado latente que precisa ser dominado.

Antes de amarrar Satanás, amarre a sua incredulidade.Ela é um entrave enorme e uma ofensa contra Deus, pois sem fé é impossível agradá-lo.

Antes de amarrar Satanás, amarre a sua preguiça. A preguiça faz cair em profundo sono e inventa mil desculpas para você não se mover.

Antes de amarrar Satanás, amarre a sua timidez. O exército de Deus não recruta soldados tímidos.

Antes de amarrar Satanás, amarre o seu "eu".Você não governa mais a sua vida.Você foi crucificado com Cristo. Assim, já não é mais você quem vive, mas Cristo vive em você.

Antes de amarrar Satanás, amarre o pecado que habita em você. Deixe à mingua o apetite da pecaminosidade latente.

Depois de tudo amarrado, sinta-se à vontade para amarrar Satanás, no sentido de resistir às suas artimanhas e às suas investidas periódicas. Faça isso com a autoridade de quem já se amarrou primeiro. Sempre em nome de Jesus!"

Texto extraído parcialmente de: CÉSAR, Elben M. Lenz. Antes de Amarrar Satanás... Viçosa, Editora Ultimato, 1998, pp.117-119.

sábado, 21 de março de 2009

Amar a Deus, ao Próximo e a Si Mesmo

"E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas". (Mt 22.37-40).

Esse trecho do evangelho de Mateus está inserido dentro do contexto de um breve encontro que Jesus teve com os fariseus. Jesus, ao ser interrogado por um doutor da lei sobre qual era o grande mandamento da Lei (Mt 22.35,36), respondeu-lhe com o texto que destacamos acima.

A pergunta feita busca "indagar sobre a característica controladora ou valor básico segundo o qual o resto da Lei é compreendido".[1] Porém, para entendermos ainda melhor o que estava por trás desta questão, basta lembrarmos que, segundo a tradição judaica, a Torá continha ao todo 613 mandamentos, os quais estavam divididos entre 248 mandamentos positivos e 365 mandamentos negativos.[2] Sendo assim, qual desses numerosos mandamentos era o grande mandamento da Lei? Perceba, antes de qualquer coisa, que a intenção do fariseu ao fazer tal questionamento era "experimentar" a Jesus (cf. v.35). Acontece, porém, que a palavra usada aqui para "experimentar" é o termo grego peirazon, o qual, dentre outras coisas, significa: "desafiar, pôr em dúvida, mostrar desconfiança"[3] e ainda, "armar cilada".[4] Esse foi o tom da pergunta.

A resposta dada à pergunta é bastante interessante. Jesus responde ao fariseu, dizendo-lhe que Dt 6.5 (parte do Shemá Israel)[5] e Lv 19.18b, juntos, se constituem o grande mandamento da Lei. Aliás, como bem disse William Hendriksen:

"Esse duplo mandamento (amor por Deus e amor pelo próximo) é a estaca da [sobre a] qual pende toda a 'lei e os profetas'. Remova a estaca, e tudo está perdido, pois todo o Antigo Testamento, com seus mandamentos e alianças, profecias e promessas, tipos e cerimônias, convites e exortações, apontam para o amor de Deus que exige a reação favorável de amor em troca.[6]

Bem, em vista de tudo quanto foi dito até agora, uma coisa está bem clara: o binômio "amar a Deus/ao homem" é o âmago da Lei e do ensino de Cristo, segundo Ele próprio. Porém, creio que uma pergunta ainda deve ser feita aqui: este conceito de "amar a Deus e ao próximo" é um exclusivismo judaico-cristão, ou nós podemos encontrá-lo também em outras culturas? Ora, a fim de podermos responder a esta pergunta, temos que retroceder até à época da escrita dos livros de Deuteronômio e Levítico, uma vez que é destes livros que Jesus extrai a sua resposta ao fariseu, doutor da lei.

Estes dois livros bíblicos são as testemunhas mais antigas do cânon a fazer referência ao conceito de "amar a Deus e ao próximo". Mas, então, em que data tais livros foram escritos? Embora a resposta a esta pergunta não seja assim tão fácil de ser dada, todavia, nos arriscaremos a fornecê-la aqui. De acordo com a chamada Teoria da Hipótese Documentária, acredita-se que o Deuteronômio tenha sido escrito no VII século a.C. e que o Levítico (Escrito Sacerdotal) tenha sido redigido entre o período exílico e pós-exílico, ou seja, aproximadamente no VI século a.C.[7] É claro que tais redações devem refletir uma tradição oral muito mais antiga à da época de sua escrita. Todavia, é bom conservarmos tais datas em mente.

Saindo da literatura bíblica e indo para a extra-bíblica, tomamos conhecimento da existência de um texto assírio conhecido como Tratado de Assarhaddon com Príncipes Vassalos. Esse tratado foi descoberto em 672 a.C. em estado fragmentário, por ocasião da escavação do templo de Nabu, em Nimrud, Babilônia. No corpo deste tratado encontramos um mandamento impressionante, cujo conteúdo nos é bem familiar:

"Amarás Assurbanipal, o grande príncipe herdeiro, filho de Assarhaddon, rei da Assíria, como a ti mesmo".[8]

Como a descoberta deste texto data do VII século a.C., isto quer dizer que a sua redação deve ser mais antiga ainda. Em outras palavras, este texto que trata do amor que os súditos de Assurbanipal deveriam devotar para com o seu soberano pode ser tão antigo quanto ou ainda mais antigo do que os textos de Deuteronômio e Levítico. Você notou a semelhança que há entre esse Tratado Assírio e os textos de Dt 6.5 e Lv 19.18b? Será que foram os textos bíblicos que influenciaram o Tratado de Assarhaddon, ou, ao contrário, este último teria influenciado a redação dos primeiros? Bem, embora eu seja tentado a acreditar que nunca obteremos essa resposta com exatidão, porém, penso que devemos cogitar a hipótese de Dt 6.5 e Lv 19.18b refletirem o conceito de "contrato entre soberano e vassalo", o qual era muito comum naqueles tempos antigos.

É claro que, enquanto esse tipo de contrato (comum no Antigo Oriente Próximo) exigia uma forma de "amor" que era imposta pelo soberano, o amor a Deus ensinado por Cristo, por outro lado, além de ser fruto de nossa eterna gratidão a Ele, também "estabelece que Deus deve ser amado sem reservas e com toda a capacidade do ser". Além disso, "um homem não pode amar a Deus num sentido real sem amar também a seu próximo, feito como ele à imagem de Deus".[9]

De qualquer forma, ao analisar esse majestoso texto mateano, o seguinte pensamento me veio à mente. Este amor tríplice descrito por Mateus deve coexistir inseparavelmente, pois, caso contrário, será descaracterizado como tal. Mateus fala sobre as três vértices que compõem este triângulo. 1) "Amarás o Senhor teu Deus"; 2) "Amarás o teu próximo"; e 3) "Amarás (...) a ti mesmo". Este amor tríplice é simplesmente indispensável à nossa vida cristã. E isto é tão sério que, se esse amor tríplice não for vivido simultaneamente, então, teremos que rever tudo aquilo que entendemos ser cristianismo.

Aliás, para provar o que digo, pense no seguinte: se nós amarmos somente a Deus, mas deixarmos de amar ao próximo e a nós mesmos, seremos fa
náticos; se, por outro lado, amarmos somente ao próximo e deixarmos de amar a Deus e a nós mesmos, seremos humanistas; e, por fim, se amarmos somente a nós mesmos e deixarmos de amar a Deus e ao próximo, seremos egoístas. Você percebe agora porquê este amor tríplice deve ser vivido simultaneamente? Aqueles que "amam somente a Deus" se tornam tão fanáticos que chegam até mesmo ao ponto de promover ataques terroristas em nome dEle. Aqueles que "amam somente ao próximo" se tornam extremamente humanistas e, por isso, acabam se esquecendo de que o mundo não gira apenas em torno do homem. O homem é apenas uma parte do todo. Finalmente, aqueles que "amam somente a si mesmos" se convertem em verdadeiros ególatras. Aliás, não devemos confundir aqui "amor-próprio" e "auto-estima" com "egoísmo". Enquanto os primeiros são saudáveis, este último é extremamente pernicioso à vida cristã. Estes que amam somente a si mesmos se esquecem, da mesma forma, de que o mundo não gira em torno de seus "umbigos".

Bem, depois de toda esta reflexão, o meu sincero desejo é que este amor tríplice esteja presente de forma simultânea no seu coração.

No amor de Cristo,

Autor: Carlos Augusto Vailatti
________________
[1] OVERMAN, J. Andrew. O Evangelho de Mateus e o Judaísmo Formativo. São Paulo, Edições Loyola, 1997, p.90.
[2] COHN-SHERBOK, Dan. A Concise Encyclopedia of Judaism. Oxford, Oneworld Publications, 1998, pp.180,181.
[3] BALZ, Horst & SCHNEIDER, Gerhard. Diccionário Exegético del Nuevo Testamento. Vol.2. Salamanca, Ediciones Sígueme, 2002, p.863.
[4] Este mesmo verbo é usado em Mt 22.18 na questão sobre o "tributo a César". (Cf. Bíblia TEB. São Paulo, Edições Loyola, 1994, p.1902, nota w).
[5] Plummer assim comenta a citação de Dt 6.5 que Jesus usa em sua resposta ao fariseu: "Cristo remete o seu questionador para o texto com o qual todo o judeu daquele tempo estava bem familiarizado, pois ele tinha de recitá-lo duas vezes todo o dia". (Cf. PLUMMER, Alfred. An Exegetical Commentary on The Gospel According to St. Matthew. Grand Rapids, Baker Book House, 1982, p.308).
[6] HENDRIKSEN, William. Mateus. Vol.2. São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2001, p.432.
[7] HOMBURG, Klaus. Introdução ao Antigo Testamento. São Leopoldo, Editora Sinodal, 1981, p.41.
[8] BRIEND, Jacques, LEBRUN, René & PUECH, Émile. Tratados e Juramentos no Antigo Oriente Próximo.São Paulo, Paulus, 1998, p.85. Os itálicos são meus.
[9] TASKER, R. V. G. Mateus, introdução e comentário. São Paulo, Vida Nova/Mundo Cristão, 1991, p.168.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Deus Monta a Sua Tenda em Nosso Meio

"E o verbo carne se fez e morou entre nós, e vimos a glória dele, glória como do único (Filho) do Pai, cheio de graça e de verdade" (Jo 1.14).[1]

Essa passagem clássica do evangelho de João constitui-se um dos textos mais belos de toda a Bíblia. Nela, João fala sobre o misterioso acontecimento da encarnação.

Do ponto de vista da apologética, a declaração "e o verbo se fez carne (...)" é um repúdio definido contra todo e qualquer ensinamento gnóstico, tanto no que se refere à natureza do Logos, quanto no que diz respeito à natureza física humana.[2] Uma das crenças básicas do gnosticismo era que a matéria era inerentemente má.[3] Sendo assim, a idéia de que o Cristo pré-encarnado (o Logos) se uniu à matéria (se fez carne) seria uma idéia inconcebível para qualquer gnóstico.

Além disso, chama a nossa atenção o fato de João dizer que o verbo se fez "carne". João poderia ter dito que o verbo se fez corpo (gr. soma), uma palavra que seria mais polida para se referir ao elemento físico de Jesus, adquirido quando de sua encarnação. Porém, em vez disso, João usa a palavra carne (gr. sarks), termo este que está repleto de conotações negativas. Aliás, a palavra carne, no pano-de-fundo do Antigo Testamento, por exemplo, faz alusão à parte mais inferior, perecível e corruptível do homem.[4] Todavia, para que possamos apreciar melhor essa união entre Logos e sarks, cito aqui as inspiradas palavras de John Owen:

"Assim como o fogo estava na sarça que Moisés viu, igualmente a plenitude da deidade habitava corporalmente em Cristo, que foi feito carne e habitou entre nós. (...) O eterno fogo da natureza divina habitou na sarça da frágil natureza humana, contudo a natureza humana não foi consumida".[5]

Outro aspecto que deve ser salientado é o verbo morou: "o verbo se fez carne e morou (...)". Aqui, o verbo usado para "morou" é o verbo grego eskenosen, derivado de eskenoo, "viver numa tenda, estabelecer-se". Tal vocábulo dá a entender que "a carne de Jesus Cristo é a nova localização da presença de Deus na terra; Jesus substitui o antigo tabernáculo".[6] Em outras palavras, poderíamos traduzir o início de Jo 1.14 assim: "E o verbo se fez carne e tabernaculou (montou tabernáculo) entre nós (...)". Javé, que havia dito a Davi nas páginas do Antigo Testamento: "andei em tenda e em tabernáculo" (2 Sm 7.6), acaba encontrando o fim de sua peregrinação terrena no último de seus tabernáculos: a carne humana.

Finalmente, assim como depois da construção do tabernáculo, a glória de Deus o encheu (Ex 40.34), da mesma forma, após o Logos "ter montado a Sua tenda entre os humanos" (através da encarnação de Cristo), nós "vimos a sua glória"!

Àquele que quis se parecer conosco para que nós pudéssemos nos parecer com Ele, glória e louvor para todo o sempre!!

Carlos Augusto Vailatti
________________
[1] Minha tradução do texto.
[2] CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo. Vol.2. São Paulo, Candeia, 1995, p.272.
[3] ERICKSON, Millard J. Conciso Dicionário de Teologia Cristã. Rio de Janeiro, Juerp, 1995, p.74.
[4] CHAMPLIN, Russell Norman. Op.Cit., p.273.
[5] OWEN, John. A Glória de Cristo. São Paulo, Pes, 1989, p.24.
[6] RIENECKER, Fritz & ROGERS, Cleon. Chave Lingüística do Novo Testamento Grego. São Paulo, Vida Nova, 1995, p.162.

O Primeiro Intérprete da Palavra de Deus

(Obra de Michelângelo retratando a tentação no Jardim do Éden)

Por um acaso, você sabe quem foi o primeiro intérprete da Palavra de Deus? Bem, para podermos responder a esta pergunta temos que nos dirigir até o livro de Gênesis 3.1-5. Esta passagem nos mostra pela primeira vez nos registros bíblicos alguém interpretar a Palavra de Deus. E você sabe quem foi seu primeiro intérprete? Foi o próprio Satanás!

Veja, abaixo, qual foi o "método hermenêutico" usado por Satanás para interpretar a Palavra de Deus:

Em primeiro lugar, Deus disse ao homem: "De toda a árvore do jardim comerás livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás" (Gn 2.16,17a). Porém, a serpente (a qual é chamada em Ap 12.9 de "a antiga serpente" e é identificada com o próprio Satanás) se aproxima de Eva e lhe diz: "É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?" (Gn 3.2). Vemos aqui que o primeiro "princípio hermenêutico" usado por Satanás para interpretar a Palavra de Deus foi o princípio da distorção da Palavra. Ele deliberadamente muda o sentido daquilo que Deus havia dito em Gn 2.16 a fim de que tal interpretação se encaixe adequadamente em seus malignos propósitos.

Em segundo lugar, além de distorcer o sentido da Palavra de Deus, Satanás também emprega o "princípio hermenêutico" da citação parcial. Na sua conversa com Eva, Satanás omite muito convenientemente o que Deus diz no verso 17a. Ele somente menciona (e de forma distorcida!) parcialmente o que Deus havia dito.

Em terceiro lugar, Deus diz: "(...) porque no dia em que dela comerdes, certamente morrerás" (Gn 2.17b). Satanás, ainda em seu diálogo com Eva, ao se referir a essas palavras, afirma: "Certamente não morrereis". O terceiro "princípio hermenêutico" que Satanás usa é o da alegorização. Para Satanás, aquilo que Deus disse - "certamente morrerás" - não deve ser entendido ao pé da letra, mas sim de forma figurada. O curioso é que ele mesmo se oferece para "desvendar" o sentido mais profundo e místico da Palavra de Deus: "Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal" (Gn 3.5).

Finalmente, e desta vez nas páginas do Novo Testamento, veremos novamente o intérprete Satanás em ação. Em Mt 4.5,6 e Lc 4.9-11, textos que tratam da tentação de Jesus no deserto, Satanás emprega o seu quarto "princípio hermenêutico": o uso de um texto bíblico fora de seu contexto. Nestas passagens dos sinóticos, a fim de tentar a Jesus, Satanás cita o Sl 91.11,12 de forma totalmente aleatória, arbitrária e descontextualizada. Ele instiga a Jesus para que salte do pináculo do templo sob a alegação de que os anjos o protegerão. Aqui, vale muito bem aquela máxima hermenêutica: "ele usou um texto fora de seu contexto para lhe servir de pretexto".

De tudo isso, a lição óbvia que fica é: "Não basta apenas interpretar a Bíblia, temos que buscar interpretá-la corretamente".

Autor: Carlos Augusto Vailatti

sábado, 14 de março de 2009

Anchieta, o "Apóstolo do Brasil"

(Padre José de Anchieta)

O texto escrito abaixo é baseado no livro "O Santo que Anchieta matou", do ex-padre Aníbal Pereira dos Reis (1924-1991), que, depois de convertido, se tornou pastor batista. Aníbal, que não tem "papas na língua" (com perdão pelo trocadilho) e é polêmico em suas várias declarações anti-católicas, nos fornece um interessante texto sobre o padre José de Anchieta, cognominado "Apóstolo do Brasil". A seguir, faço um pequeno resumo de seu livro:

O falecido Papa João Paulo II, em 22 de junho de 1980, beatificou o padre José de Anchieta. Todavia, deve ser dito que Anchieta, embora canonizado por Roma, não foi o primeiro "santo" brasileiro, pois ele era, na verdade, espanhol. Além disso, Anchieta não foi "santo" porque massacrou silvícolas em nossa terra, escravizou brasilíndios, esmagou mamelucos e perseguiu calvinistas.

Os evangélicos brasileiros, apesar de repudiarem a beatificação de José de Anchieta, todavia, reconhecem a sua participação inquisitorial na vida heróica do verdadeiro santo, o francês Jean Jacques Le Balleur, o João Bollés, quem, pelas próprias mãos de Anchieta, em 1567, foi enforcado no Rio de Janeiro.

Para sabermos como foi que isso ocorreu, temos que voltar no tempo ao dia 21 de março de 1557 quando, sob a presidência de João Bollés, pela primeira vez no Brasil é celebrada a Ceia do Senhor. Esta celebração, em vez de ser um episódio agregador, acabou ocasionando disputas doutrinárias entre católicos e calvinistas. Nicolau Durand Villegaignon, católico fervoroso, defendia a transubstanciação, a presença real e física de Cristo nos elementos sacramentais. O ex-frade dominicano, João Cointac, no calor da disputa, começou a desferir agressões pessoais contra Villegaignon. Este último, por sua vez, acabou sentenciando à morte tanto Cointac quanto os pastores calvinistas que participavam da ceia. Então, recorrendo aos postulados da "santa inquisição", assassinou os pastores Jean du Bourdell, Mathieu Verneuil e Pierre Bourdon. Cointac e Bollés fugiram, a fim de sobreviverem àquela matança.

Finalmente, tempos mais tarde, João Bollés foi encontrado e ficou preso num cárcere durante oito anos, de 1559 a 1567, quando então foi morto. O carrasco que deveria dar fim à vida dele, por imperícia ou por compaixão, acabou retardando a sua ação. Então, Anchieta antecipou-se ao carrasco e terminou por enforcá-lo.

É curioso notar que os ensinos, Fundamental e Médio (principalmente), não costumam nos fornecer tais informações. Talvez isto se dê devido aos seguintes fatores: 1) a fé de nosso país, desde a sua colonização, embora sincrética, é predominantemente católica; 2) as instituições educacionais básicas (Ensinos: Fundamental e Médio), em geral, apoiam o catolicismo e divulgam as suas idéias através de suas aulas; e 3) Ainda há um "ranço católico" muito forte em nossa religiosidade popular devido à "herança católica" que recebemos de nossos ancestrais. Tais fatores, dentre tantos outros, certamente contribuíram, e muito, para que verdades como esta sobre José de Anchieta fossem encobertas.

O meu desejo é que os brasileiros tenham os seus olhos abertos e as suas mentes esclarecidas, a fim de que possam tomar conhecimento de alguns fatos sobre a nossa história brasileira que, devido aos interesses de alguns, ainda acabam sendo pouco divulgados.

Abraços,

Autor: Carlos Augusto Vailatti

quarta-feira, 11 de março de 2009

Livrando a Mulher de Jó do Banco dos Réus

Jó e sua esposa (Quadro de Albrecht Dürer - 1471-1528)

"Então sua mulher [de Jó] lhe disse: Ainda retens a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre". (Jó 2.9 - Almeida, Revista e Corrigida)

Sem dúvida alguma, uma das mulheres mais detestadas de toda a Bíblia (senão a mais detestada) é a mulher de Jó. Embora a Bíblia não mencione o seu nome, a tradição conferiu-lhe o nome de Sitis.[1] Todo este sentimento de aversão a ela se deve ao texto citado acima. Apenas para termos uma pequena idéia sobre como a mulher de Jó foi compreendida pela cristandade, cito Francis Andersen, que faz um curioso comentário a seu respeito:

"Os cristãos de modo geral têm sido mais severos com ela [a mulher de Jó] do que os judeus e os muçulmanos. Ela era a aliada de Satanás. Agostinho chamou-a de diaboli adjutrix; Crisóstomo: 'o melhor flagelo de Satanás'; Calvino: organum Satani. Segundo este ponto de vista, ela tentou seu marido a auto-condenar-se ao conclamá-lo a fazer exatamente aquilo que Satanás predissera que faria".[2]

Já o teólogo Russell Norman Champlin, citando Samuel Terrien, menciona o ponto de vista favorável deste autor francês para com a atitude da esposa de Jó. Eis as suas palavras:

"Samuel Terrien (...) interpreta que a esposa de Jó só estava tentando vê-lo morto e livre de sofrimentos, supondo que uma maldição tivesse o poder de eliminar os sofrimentos dele. Em outras palavras, ela era uma antiga advogada da eutanásia. (...) Ela raciocinava que, se Jó amaldiçoasse a Deus, uma retaliação divina mataria o homem, pondo fim aos seus sofrimentos. (...) Terrien chegou a supor que o ato da mulher de Jó tenha sido inspirado pelo amor, por mais ignorante que tenha parecido ser".[3]

Esses comentários, longe de esclarecerem qual era a verdadeira intenção da esposa de Jó ao dizer aquelas palavras ao seu marido, acabam promovendo mais a polêmica do que uma possível solução em torno do assunto. Mas, afinal, que sentimentos levaram a esposa de Jó a proferir palavras tão duras ao seu marido num dos momentos mais difíceis da sua vida (pois ele já havia perdido seus filhos e seus animais, bem como, na presente situação do texto, até mesmo a própria saúde)? Ora, acredito que pesquisar o que o original diz nesse texto pode nos ajudar a tentar solucionar essa questão. Eis o que diz o texto de forma literal:

"E disse a esposa dele a ele: [você] ainda se mantém firme em sua integridade? Abençoe a Deus e morra".[4]

Talvez, ao ler este verso, você tenha se perguntado: "Espera aí, você traduziu errado! A tradução correta não é: 'abençoe a Deus e morra'?". Bem, quando lemos o original, a palavra que aparece no verso 9 é o verbo hebraico barak, cujos significados básicos são: "ajoelhar, abençoar, louvar, saudar e amaldiçoar (usado de forma eufemística)".[5] Perceba que quatro dos cinco significados básicos deste termo estão associados a aspectos positivos ("ajoelhar, abençoar, louvar, saudar"), enquanto que apenas um significado, e ainda assim usado de maneira eufemística, está relacionado a algo negativo ("amaldiçoar").

Se pesquisarmos a Septuaginta (a tradução grega do Antigo Testamento Hebraico, que é datada do III século a.C.) veremos que ela não nos ajuda a decifrar o dilema linguístico que há no hebraico, pois ela apresenta assim Jó 2.9 (de forma bem ampliada):

"Passado muito tempo disse-lhe sua mulher: 'até quando perseverarás dizendo, [1] vede, espero ansiosamente ainda por um pouco de tempo, aguardando a esperança da minha salvação', [2] mas eis que é apagada tua memória da terra, os filhos e filhas do meu ventre; dores de parto e aflição em vão - esgotei-me pelo labor! [3] tu mesmo em podridão de vermes permaneces, passas a noite ao ar livre; [4] e eu, tenho andado errante e pedinte de um lugar a outro, e de casa em casa; tenho esperado o sol - quando ele se porá, para que amenize os labores e aflições que agora me cercam? [5] mas diga uma palavra ao Senhor, e morra!".[6]

Mas então, como podemos entender Jó 2.9 à luz de seu contexto imediato? Ou melhor, como deveríamos interpretar (a partir da tradução que demos a Jó 2.9), por exemplo, Jó 2.10, quando Jó diz à sua esposa: "Como fala qualquer doida, assim falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal?". Bem, se a nossa tradução estiver correta em 2.9 e, portanto, "Sitis" abençoou Jó em vez de amaldiçoá-lo, logo, segue-se que no verso 10 Jó não condena a sua esposa por tê-lo instigado a "amaldiçoar" a Deus, mas sim chama a sua atenção por ela dar a entender com as suas palavras que não acreditava que ele sobreviveria àquela doença e a toda aquela situação (a perda dos animais, dos filhos etc). Neste sentido, então, Jó a adverte quanto ao fato de que eles ainda receberiam a bênção de Deus no futuro (ele diz: "receberemos o bem de Deus").

A favor de nosso ponto de vista podemos argumentar ainda que as palavras da esposa de Jó sugerem "um desejo sincero de ver Jó livre dos seus tormentos (pela morte)", uma vez que ela não parece ver "a possibilidade de recuperação da saúde [dele] e da restauração dos bens".[7] Essa hipótese parece ser bem razoável e também parece coadunar mais com a realidade, pois, quando passamos por momentos muito difíceis em nossas vidas (assim como Jó e a sua esposa passaram), é natural que um dos cônjuges, ou até mesmo os dois, façam um balanço negativo da realidade que estão enfrentando, chegando, inclusive, a desenhar um futuro sombrio pela frente. De qualquer forma, como deveríamos ver a esposa de Jó: como "bandida" ou como "mocinha"? Quem sabe, algum dia ainda saberemos a verdade...

Abraços,

Autor: Carlos Augusto Vailatti
__________________
[1] BERGANT, Dianne & KARRIS, Robert J. (org). Comentário Bíblico. Vol.II. São Paulo, Edições Loyola, 1999, p.215.
[2] ANDERSEN, Francis I. Jó, Introdução e Comentário. São Paulo, Vida Nova/Mundo Cristão, 1989, pp.89,90.
[3] CHAMPLIN, R.N. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo. Vol.3. São Paulo, Hagnos, 2001, p.1871.
[4] Esta é a minha tradução pessoal do texto.
[5] HARRIS, R. Laird. (org). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo, Vida Nova, 1998, p.220.
[6] O texto sem negrito aparece apenas na Septuaginta. Já os textos em negrito são aqueles que têm o seu correspondente em hebraico. Essa tradução em português da Septuaginta encontra-se em: http://doaldofb.sites.uol.com.br/septuaginta.html.
[7] ANDERSEN, Francis I. Op.Cit., p.90.

domingo, 8 de março de 2009

Barack Obama Discursa Sobre a Bíblia e o Governo

Esse vídeo mostra um discurso de Barack Obama feito em uma igreja dos EUA. Em sua fala, Obama declara que os EUA atualmente são uma nação de religiosidade pluralista e que, como seu novo presidente, ele deve prezar por uma administração pública que leve em conta toda essa diversidade religiosa. Vale a pena assistir ao vídeo...


sábado, 7 de março de 2009

Artistas que se Tornaram Evangélicos (TV Fama)

Esse vídeo traz uma reportagem sobre alguns artistas que se converteram, tais como, o Kaká, a Baby do Brasil, a Mara Maravilha, o Vaguinho e outros.

Evangélicos (Evangélicos Investigados nos EUA)

Esse vídeo (em espanhol) mostra alguns televangelistas que estão sendo investigados nos EUA, principalmente por suspeitas de enriquecimento ilícito. Dentre eles estão: Eddie Long, Benny Hinn, Paula White, Joyce Meyer e Kenneth Copeland.

Acreditar em Deus Reduz Ansiedade e Estresse, diz Estudo


Da BBC

Pesquisa mostra que pessoas religiosas se incomodam menos com erros.

Acreditar em Deus pode ajudar a acabar com a ansiedade e reduzir o estresse, segundo um estudo da Universidade de Toronto, no Canadá. A pesquisa, publicada na revista "Psychological Science", envolveu a comparação das reações cerebrais em pessoas de diferentes religiões e em ateus, quando submetidos a uma série de testes.

Segundo os cientistas, quanto mais fé os voluntários tinham, mais tranquilos eles se mostravam diante das tarefas, mesmo quando cometiam erros.

Os pesquisadores afirmam que os participantes que obtiveram melhor resultado nos testes não eram fundamentalistas, mas acreditavam que "Deus deu sentido a suas vidas".

Comparados com os ateus, eles mostraram menos atividade no chamado córtex cingulado anterior, a área do cérebro que ajuda a modificar o comportamento ao sinalizar quando são necessários mais atenção e controle, geralmente como resultado de algum acontecimento que produz ansiedade, como cometer um erro.

"Esta parte do cérebro é como um alarme que toca quando uma pessoa comete um erro ou se sente insegura", disse Michael Inzlicht, professor de psicologia e coordenador da pesquisa. "Os voluntários religiosos ou que simplesmente acreditavam em Deus mostraram muito menos atividade nesta região. Eles são muito menos ansiosos e se sentem menos estressados quando cometem um erro."

O cientista, no entanto, lembra que a ansiedade é "uma faca de dois gumes", necessária e útil em algumas situações.

"Claro que a ansiedade pode ser negativa, porque se você sofre repetidamente com o problema, pode ficar paralisado pelo medo", explicou. "Mas ela tem uma função muito útil, que é nos avisar quando estamos fazendo algo errado. Se você não se sentir ansioso com um erro, que ímpeto vai ter para mudar ou melhorar para não voltar a repetir o mesmo erro?".

Os voluntários religiosos eram cristãos, muçulmanos, hinduístas ou budistas.

Grupos ateus argumentaram que o estudo não prova que Deus existe, apenas mostra que ter uma crença é benéfico.

(Extraído de: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia - postado em 06/03/2009).

sexta-feira, 6 de março de 2009

Lobo em Pele de Ovelha


"Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores" (Mateus 7.15).

Esse antigo conceito de "lobo vestido em pele de ovelha" me faz pensar em um conto de fadas em particular, também antigo, o qual envolve a figura do conhecido e temido lobo. Estou me referindo ao conto sobre "Os Três Porquinhos".

Na história dos Três Porquinhos, os personagens principais são quatro animais: os próprios porquinhos (chamados: Cícero, Heitor e Prático) e um lobo muito malvado. Para resumir o conto, os três porquinhos um dia resolvem sair da casa de sua mãe (em algumas versões, da avó) e decidem, então, cada um deles, construir a sua própria casa. Cícero, o mais preguiçoso dos três, construiu uma casa de palha; Heitor construiu uma de madeira e Prático uma de tijolos. Em meio a tudo isso surge um lobo mau que faz de tudo para tentar devorar os pobres dos porquinhos. Certo dia, o lobo se aproxima da casa de palha de Cícero, lhe dá um assoprão, e ela cai. Depois, ele se dirige até a casa de madeira de Heitor, dá dois assoprões sobre ela e, novamente, essa casa também desaba. Por fim, esse lobo "campeão de fôlego" vai até a casa de alvenaria de Prático e assopra-a várias vezes, mas nada acontece. É que enquanto Cícero e Heitor se divertiam (pois suas casas de palha e madeira foram construídas mais rápido), Prático empregava todo o seu suor e a sua energia na construção de uma casa bem sólida e segura. A moral dessa história é bem conhecida de todos nós: "Quem dá um duro no seu trabalho - enquanto os outros se divertem - mais cedo ou mais tarde terá a sua recompensa."

Acredito que esse conto também tem a sua aplicabilidade prática na vida de muitas igrejas. Hoje, de forma semelhante à narrada nessa historinha, também encontramos Igrejas de Palha, de Madeira e de Tijolos. E, igualmente, encontramos muitos lobos malvados. A meu ver, as igrejas que não possuem uma adoração verdadeira, um ensino bíblico-teológico adequado e um crescimento espiritual sadio, são comparáveis às casas de palha e madeira do conto. Tais igrejas são facilmente suscetíveis aos ataques de lobos cruéis, os quais assopram sobre elas "todo o vento de doutrina" (Ef 4.14) e as derrubam.

Se quisermos ter uma igreja forte e vitoriosa, temos que construí-la com os tijolos da oração e da adoração e com a argamassa do compromisso com as verdades existentes nas Escrituras. Somente assim é que conseguiremos repelir os lobos maus que, usando peles de ovelhas, se fazem passar por elas em nosso meio. Todavia, não se engane! Os lobos uivam, mas as ovelhas balem! Jamais confunda o uivo dos lobos com o balido das ovelhas. Ora, mas por quê os lobos uivam? Eles uivam principalmente por dois motivos: para reunir o grupo no momento da caça e também para marcar território. Esses falsos profetas que "uivam" em muitas de nossas igrejas, em vez de "falarem" (como faz um profeta, de fato), estão agindo, na verdade, como lobos. Eles querem caçar suas vítimas e querem manipulá-las como se fossem seu território. Com a mesma facilidade com que proferem as palavras mágicas: "assim diz o Senhor" - as quais derretem o coração dos incautos que as ouvem - da mesma forma, devoram o coração, a mente e as emoções das pobres ovelhas indefesas.

Tome cuidado com esses lobos que vivem a espreitar e a querer pular o aprisco do Senhor, a Sua Igreja. Não permita que eles derrubem com simples "assopros" aquilo que o Filho de Deus construiu com o Seu precioso sangue.

Finalmente, como podemos identificar tais lobos vestidos em peles de ovelhas? O próprio contexto de Mateus 7 nos ajuda a respondermos a essa pergunta. Ora, se quisermos identificar tais lobos maus em nosso meio, basta darmos uma olhada nas dicas abaixo:

1ª) Veja que tipo de fruto eles produzem (Mt 7.16a);

2ª) Observe se esse fruto é condizente com a natureza da árvore (Mt 7.16b);

3ª) Perceba se são crentes de "fachada" ("Senhor, Senhor!") ou se são obedientes à Palavra de Deus ("aquele que faz a vontade de meu Pai...") (Mt 7.21);

4ª) Encare-os com suspeitas se demonstrarem grande preocupação com a realização de milagres e se derem ênfase demasiada aos aspectos sobrenaturais ("não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas?") (Mt 7.22).

Bem, se seguirmos à risca cada um desses passos, aí sim poderemos cantar como aqueles porquinhos: "Quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau...".

Abraços,

Autor: Carlos Augusto Vailatti

quinta-feira, 5 de março de 2009

Crente Celular

Esse vídeo conta a história do chamado "crente celular". Embora seja engraçado, ele fala muitas verdades que devemos levar à sério... Vale a pena assistir. Boas risadas!!


Câmera Flagra Mulher Roubando Igreja

Esse vídeo mostra uma mulher roubando a contribuição dos fiéis em uma Igreja Católica do Paraná. Porém, devo esclarecer aqui que a minha intenção, ao apresentar esse vídeo, não é denegrir a imagem da Igreja Católica ou de seus fiéis, mas apenas chamar a atenção para um fato muito curioso que aparece na reportagem: a mulher rouba o dinheiro da igreja e depois ainda se benze diante das imagens da Aparecida. Aliás, tem muita gente em nossas igrejas que faz algo parecido: cometem o pecado e depois pedem a Deus que as abençoe naquilo que fizeram de errado. Vê se pode uma coisa dessas?!


quarta-feira, 4 de março de 2009

Davi e Golias

Esse mini-documentário sobre Davi e Golias busca polemizar a narrativa bíblica que trata do famoso duelo entre essas duas personagens. É bem interessante. Vale a pena conferir...

domingo, 1 de março de 2009

Jerusalém - I Século A.D.

Esse vídeo mostra uma maquete da Cidade de Jerusalém que se encontra em Israel. Essa maquete reproduz a Jerusalém do I Século A.D. É curioso notar a perfeição com que a réplica foi feita. Vale a pena conferir o vídeo.