segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Qual é a Imagem que Você faz de Deus?



      De acordo com a Bíblia, Moisés, ao desejar ver a glória de Deus, obteve do Senhor a seguinte resposta: “Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá” (Ex 33.20). E João ainda completa: “Deus nunca foi visto por alguém” (Jo 1.18a). 

     Estes textos nos mostram que é simplesmente impossível “ver” a Deus. Entretanto, isto não quer dizer que não seja possível formular algumas imagens a Seu respeito. Acontece, porém, que muitas dessas “imagens da divindade” que são criadas, por serem resultado de nossos interesses particulares, projeções psicológicas e conveniências humanas, acabam se tornando conceitos totalmente inadequados de Deus. E, por mais incrível que pareça, tais “imagens subjetivas e equivocadas de Deus” estão bastante presentes, inclusive, no imaginário cristão. Cito, abaixo, algumas dessas caricaturas de Deus.

Imagens Inadequadas de Deus

O “Deus” Delivery – Aqueles que acreditam nesta concepção de Deus pensam que não precisam ir à igreja, a fim de congregar juntamente com os seus irmãos em Cristo. Estes, que pertencem ao MST (Movimento dos Sem Templo – ou “sem igreja”) entendem que basta ficar em casa, pois Deus enviará a bênção até eles. Crer nesse tipo de “Deus” é bastante conveniente para tais pessoas, porque, afinal, é uma forma que encontram de legitimar as suas frustrações eclesiais pessoais, o que acaba lhes servindo como boa desculpa para não manterem nenhum compromisso sério com Deus e com o corpo de Cristo, a Igreja.

O “Deus” Estepe – A filosofia das pessoas que enxergam a Deus como se fosse um “pneu reserva” pode ser resumida na seguinte frase: “É bom tê-lo por perto, mas só irei recorrer a Ele em último caso!”. É bastante deprimente procurar a Deus e se achegar a Ele somente como um último recurso e quando o “navio já está se afundando”. Porém, milhares de pessoas agem exatamente assim. Para estes, Deus “funciona” como um “quebra-galhos” eventual, e não como alguém com quem devem se relacionar constantemente.

O “Deus” General – É principalmente chamado de “Senhor dos Exércitos” por aqueles que o vêem dessa forma. É visto como um Deus que só dá ordens e a quem devemos “fazer continência” e prestar obediência em regime militar. Os que enxergam a Deus assim, se dirigem a Ele dizendo: “Sim, Senhor!”; “Não, Senhor!”; “Desculpe-me, Senhor!”; “Não Sei, Senhor!”. E até para agradecer, dizem: “Obrigado, Senhor!”.  Tais pessoas costumam confundir a igreja com um quartel do exército e a Bíblia com uma cartilha militar repleta de regras e de proibições. 

O “Deus” Gênio da Lâmpada – Segundo aqueles que entendem a Deus dessa maneira, Ele existe para atender e satisfazer aos pedidos dos fiéis, sejam eles quais forem. Porém, ao não verem as suas preces atendidas, tais pessoas ficam ressentidas e culpam a Deus por isso. Tais indivíduos possuem uma visão extremamente utilitarista de Deus. Eles servem a Deus não por aquilo que “Ele é”, mas sim pelos benefícios que Ele pode lhes proporcionar. Pouco interesseiros, não acha?

O “Deus” Intelectual – As pessoas que possuem tal imagem de Deus costumam se dirigir a Ele em oração mais ou menos assim (à la “seu Rolando Lero” da antiga Escolinha do Professor Raimundo): “Ó, escatológico,  inescrutável, sui generis, portentoso, atemporal, onividente e transcendente Deus, peço-lhe, por obséquio, que ouças a minha humilde prece, enquanto faço genuflexão diante de Ti (...)!”. Estas pessoas pensam que, porque Deus é onisciente e, portanto, sabe de todas as coisas, logo, Ele é um sujeito “culto”. Então, tais indivíduos acham que ao falarem com Ele devem se comunicar utilizando palavras rebuscadas e linguajar difícil, a fim de impressioná-lo. É mais fácil você interpretar uma oração “em línguas”, do que decifrar o conteúdo enigmático de tais tipos de oração! 

O “Deus” Marionete – Quem possui tal imagem de Deus acredita que, de alguma forma, conseguirá manipulá-lo, amestrá-lo ou domesticá-lo segundo os seus próprios interesses e de acordo com o seu bel prazer. E, por mais incrível que pareça, há, de fato, pessoas que pensam que podem mesmo “convencer” a Deus, manipulando-o de forma a fazer o que querem, através do uso de artifícios, tais como: choros teatrais, atitudes de autocomiseração, fazer “cara emburrada” etc. Além disso, estas pessoas também costumam usar como estratégia de manipulação divina toda aquela verborragia positivista que já conhecemos: “Eu determino que isso aconteça (...)”, “Eu profetizo isso e aquilo (...)”, “Eu selo essa palavra com o sangue de Jesus (...)”, entre outras frases de efeito já bastante gastas e até inapropriadas. O que estas pessoas não entendem é que Deus não pode ser coagido, convencido, forçado ou sugestionado de forma alguma a nos atender em nossos interesses particulares. Ele é Soberano sobre as Suas ações e sobre toda a Sua criação, de maneira que somos nós que devemos nos submeter a Ele e à Sua vontade.

O “Deus” “Mauricinho” – Aqueles que enxergam a Deus assim pensam que Ele é como aquele “cara” da classe média-alta, bem resolvido financeiramente (pois, afinal de contas, Ele é o “dono do ouro e da prata”), o qual se veste com roupas celestiais bem engomadas e é um tanto quanto esnobe, pois vive sendo fotografado nas festas mais badaladas e aparece nas capas das revistas mais influentes. É claro! Ele pode fazer tudo isso porque é Deus! Para estas pessoas, Deus pertence à high society ou à elite da socialite universal-cósmica e, sendo assim, Ele não se mistura com os pobres, plebeus e o proletariado de forma geral. É um “Deus” classista. Esse tipo de “Deus” é totalmente contrário à Teologia da Libertação e, ao mesmo tempo, é adepto da Teologia da Prosperidade. Esse “Deus”, não se mistura com o zé-povinho, tal como o óleo não se mistura com a água. “O ‘negócio’ dele”, pensam os que assim o enxergam, “é abençoar apenas às classes mais altas e não aos menos favorecidos”.

O “Deus” Pobre Coitado – Tal tipo de imagem de Deus é extraído incorretamente do imenso sofrimento experimentado por Cristo quando de Sua encarnação. Uma vez que Jesus (O Deus-Homem) foi tremendamente desprezado e humilhado, bem como, experimentou inúmeros sofrimentos em Seu ministério público, os quais culminaram na Sua crucificação, então, as pessoas que tendem a ver Deus sob esse prisma, acabam enxergando-o com um olhar de pena, de dó, repleto de complacência e de compaixão. Tais pessoas chegam a pensar: “Pobre Jesus! Ele foi muito sofrido! Será que Ele poderá fazer alguma coisa por mim hoje, uma vez que Ele não conseguiu ajudar nem a si mesmo há dois mil anos atrás?!”.

O “Deus” Presidente de Empresa Multinacional – Para aqueles que enxergam a Deus desta forma, Ele é visto como aquela pessoa da empresa que está no topo da pirâmide da organização e que, portanto, de tão atarefada e ocupada que é a sua vida, Ele não tem tempo a perder com as “picuinhas” e com as particularidades da vida de seus subordinados, ou, “colaboradores”, para usar um jargão mais atual. Esse tipo de “Deus” é enxergado como alguém que só quer que você “trabalhe, produza e cumpra as suas metas” (seguindo esse pensamento no contexto eclesiológico, Ele quer que você ganhe almas e O sirva), sendo totalmente inacessível aos pobres mortais que vivem na base da cadeia produtiva.

O “Deus” Sádico – Aqueles que fazem tal imagem de Deus enxergam-no como alguém que está por trás de todo o sofrimento que há no mundo. Aliás, para tais pessoas Deus sente verdadeiro prazer e verdadeira satisfação com o sofrimento alheio. “Ele está de braços cruzados, dando várias gargalhadas no céu, ao ver alguém experimentando algum tipo de sofrimento aqui na terra”, pensam. Porém, nada está mais longe da verdade do que tal tipo de caricatura divina!

O “Deus” Vingativo – Por fim, as pessoas que enxergam a Deus assim, o responsabilizam por tudo o que acontece de ruim em suas vidas. Elas pensam assim: “Deus deve ter enviado esse mal sobre a minha vida como forma de vingança, pelo fato de eu não ter ido à igreja, não ter lido a Bíblia, não ter sido uma boa pessoa” etc. A relação destas pessoas com Deus é uma relação de medo e de perigo, por meio da qual elas sempre enxergam a Deus com fortes suspeitas e grandes desconfianças.

Imagens Corretas de Deus 

      Bem, depois de termos visto algumas concepções equivocadas sobre Deus, vejamos agora algumas imagens que são mais condizentes com aquilo que Ele realmente é, embora sejam, contudo, imagens ainda limitadas, finitas, incompletas e, portanto, deficientes acerca dEle:

      Deus é o único Ser auto-existente. É a Causa primeira independente. É um Ser que é ao mesmo tempo, transcendente (está muito além do universo criado, bem como, do nosso conhecimento e compreensão humana) e imanente (está presente e ativo na história da humanidade). Ele é infinito, eterno, onipotente, imutável, inteligente e totalmente livre. O Seu poder se estende sobre tudo e todos.

      Sei que estas poucas imagens da divindade são muito belas e, do ponto de vista humano, até que corretas. Todavia, em hipótese alguma elas conseguem descrever a Deus em Sua inteireza essencial, em Suas características e em Seus atributos.


     Na verdade, para sermos honestos, “Deus é incompreensível”. Jamais a nossa inteligência finita conseguirá abranger de forma plena Aquele que é infinito, assim como jamais conseguiremos abraçar uma montanha com os nossos braços curtos e frágeis.


     Em todos os sentidos, Deus extrapola de forma infinita a nossa inteligência, de maneira que tudo aquilo que podemos conhecer e dizer a Seu respeito não passa de um microscópico e tosco esboço daquilo que Ele de fato é. Sendo assim, diante desse Ser majestoso e sublime, creio que só nos resta exclamarmos junto com o salmista: “Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado!” (Sl 48.1a).

     Em Cristo,

     Carlos Augusto Vailatti

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

'Avatar' Levanta Questão Sobre a Criação



Vern Barnet (“McClatchy Newspapers”, 15 de janeiro de 2010)


Kansas City, E.U.A. - O filme de ficção científica “Avatar” toma emprestado temas de muitas religiões.


O mais importante, ele coloca uma grande questão de fé.


Dos muitos temas emprestados, aqui estão dois.


A palavra “avatar” vem do Hinduísmo e significa literalmente “uma descida”. Um avatar é um deus descendo em uma forma humana como uma manifestação parcial do divino.


De certa forma, o filme insulta este uso tradicional. No filme ele é um ser humano, não um deus, que desce. O filme implica que a forma descendente da raça de pele azul em uma lua distante é inferior ao ser humano.


Ou, talvez, ao invés de insulto, isto seja ironia, visto que o termo avatar é utilizado pela companhia RDA [empresa que aparece no filme], uma potência colonizadora determinada a qualquer preço a extrair um mineral precioso chamado –UNOBTAINIUM.


Deuses hindus, sobretudo Vishnu, se tornam avatares para salvar a ordem do universo. O filme sugere que algo está terrivelmente errado com uma avidez voraz que leva a destruir o mundo da natureza e outras civilizações, e o avatar do filme deve evitar a catástrofe final.


A Árvore das Almas do filme recorda a história nórdica da árvore Yggdrasil, um exemplo de uma árvore que dá suporte ao cosmos, encontrada em muitas tradições. Sua destruição aponta para o colapso do universo. Estudiosos chamam tais árvores de Axis Mundi, o centro do mundo. A própria terra tremeu na história cristã da árvore da crucificação, destruindo o velho para uma nova vida.


No filme, o avatar deve salvar a Árvore das Almas da agressão humana para evitar uma catástrofe irrecuperável. 

A grande questão religiosa que o filme levanta pode ser colocada desta forma: Será que vamos ver a criação hierarquicamente ou ecologicamente – governada a partir de cima ou por meio de interdependência mútua?


O filme prega este último, que uma rede de energia flui através de todas as coisas, que perturbar o equilíbrio natural leva ao desastre.


O cristianismo tem sido às vezes chamado de religião dos colonizadores, destruidores e dizimadores dos povos nativos.


Contudo, a insistência cristã na mordomia da natureza, ao invés de exercer domínio sobre ela, pode responder eficazmente a esta acusação. O ambientalismo cristão é enorme [quer dizer, a preocupação cristã com as questões ambientais é grande].


As novas tecnologias podem minimizar os problemas ambientais, mas a verdadeira solução pode ser uma reorientação espiritual. Em 2001, em Kansas City, a declaração da conferência inter-religiosa sobre os Dons do Pluralismo continha estas palavras: "A natureza deve ser respeitada, não apenas controlada. A natureza é um processo que nos inclui, não é um produto externo a nós. (...) A nossa atitude apropriada com respeito à natureza deve ser de admiração, e não de utilidade ".


O mundo de fantasia 3-D do filme é deslumbrante. Mas, será que a emoção irá lembrar-nos das belezas e maravilhas do mundo, e nos fará estimá-lo?


Texto Original: 'Avatar' raises question about creation. 
Tradução: Carlos Augusto Vailatti.


Extraído de: http://wwrn.org/articles/32441/?&section=miscellaneous
(Fonte: Worldwide Religious News, 19 de Janeiro de 2010).

sábado, 16 de janeiro de 2010

Por que Deus Permite que Ocorram Tantas Tragédias?


2010 – Um Ano de Inícios Conturbados

O ano de 2010 mal começou e já nos deixou bastante perplexos e assustados diante das inúmeras e sucessivas catástrofes envolvendo diversos elementos da natureza.

No Rio Grande do Sul, uma ponte desabou provavelmente devido às fortes chuvas e, conseqüentemente, também devido às fortes correntezas do rio Jacuí, fazendo com que várias pessoas que estavam sob ela naquele momento viessem a perder as suas vidas. Em São Luiz do Paraitinga (interior de São Paulo), a enchente destruiu praticamente toda a cidade e deixou milhares de desabrigados. Em Angra dos Reis (Rio de Janeiro), os deslizamentos de terras provocados pelas fortes chuvas, deixaram o triste saldo de 52 pessoas mortas. E, agora, como se tudo isso já não bastasse, o Haiti acaba de sofrer o maior terremoto dos últimos 200 anos, o qual atingiu 7,0 graus na escala Richter, provocando assim a morte de milhares de pessoas.

Procura-se Deus

Ora, diante de tantas tragédias e de tamanhas catástrofes provocadas pela natureza, muitos acabam se perguntando: “onde Deus estava durante essas tragédias?”. Ou então, “por que Deus não fez nada para impedir tais catástrofes?”. Bem, estas perguntas são legítimas e, portanto, merecem uma resposta. E, no intuito de tentar respondê-las, creio que seja pertinente vermos antes o que o Salmo 46.1-3 nos diz:

“1Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. 2Pelo que não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares; 3Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza”.

Este salmo, embora escrito há mais de 2.500 anos atrás, continua sendo bastante atual. E, os seus três primeiros versos nos ensinam basicamente duas coisas: 1) Já naquela época as pessoas sofriam com as mesmas catástrofes da natureza assim como as experimentamos nos dias de hoje, tais como: a) terremotos (vv.2a, 3a) e b) maremotos (vv. 2b, 3b). 2) Diante dos desastres naturais, o homem piedoso daquele tempo sabia que deveria depositar a sua confiança somente em Deus, e não nas questões efêmeras desta vida (v.1). O salmista, diante deste quadro negro pintado pelas destrutivas forças da natureza, exclamou: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza diante das grandes catástrofes naturais e, por isso, não temeremos!”.

Sim, mas e Daí?!

A despeito de todos esses dados, somos ainda impulsionados a pensar: “Tudo bem, mas porque Deus permite que existam tantas tragédias na vida humana, tais como: doenças incuráveis, quedas de aviões, ‘balas’ perdidas, furacões, acidentes de trânsito, enchentes, guerras e, sobretudo, terríveis terremotos, tais como esse do Haiti, que ceifou milhares de vidas?”.

Esses questionamentos nos remetem a uma antiga e difícil questão filosófico-teológica: “Como o mal (tanto moral quanto natural) pode existir em um mundo criado por um Deus absolutamente bom e todo-poderoso?”.

O filósofo e economista inglês, John Stuart Mill (1806-1873), defendendo o ponto de vista ateísta e, portanto, recheado de ceticismo, respondeu a esta pergunta argumentando que Deus normalmente faz coisas que, se fossem feitas por seres humanos, resultaria na prisão e no castigo destes últimos. Mill declarou que Deus, através da natureza, inflige a doença, a dor e até mesmo tormentos aos seres humanos. Além disso, ele declara que Deus tira a vida de todo ser humano, o que ele entende por “assassinato”. Sendo assim, por que Deus deve ser desculpado e os seres humanos devem ser condenados por estes crimes terríveis?

Ora, o que esse filósofo não percebeu é que Deus é um ser único, singular, sui generis, e, dessa forma, não pode ser jamais confundido com a Sua criação. Mill não entendeu que Deus é soberano sobre todas as formas de vida – pois foi Ele quem as criou – e quem, portanto, detém todo o direito sobre as mesmas, o que inclui o direito de tirá-las (Dt 32.39,40; 1 Sm 2.6; Jó 1.21) de acordo com os seus soberanos e insondáveis desígnios.

Além disso, devemos lembrar aqui as palavras de dois eminentes autores sobre este assunto. J. B. Phillips (Seu Deus é Pequeno Demais, p.51) declarou: “é preciso admitir com franqueza, que, neste mundo eminentemente empírico em que Deus concedeu ao homem o perigoso privilégio do livre arbítrio, ocorrem, inevitavelmente, ‘doenças e acidentes’”. E C. S. Lewis (O Problema do Sofrimento, p.64), que concorda com esta afirmação, comenta: “a possibilidade do sofrimento é inerente à própria existência de um mundo onde almas possam encontrar- se”. Aliás, dando prosseguimento ao seu pensamento, Phillips declara (Idem, p.52):

“As pessoas que acham que Deus é uma Desilusão, é porque não entenderam as condições que Ele estipulou ao conceder que habitássemos este planeta. [...] O erro, porém, está em que interpretam mal as condições desta presente vida, que é temporária, e durante a qual Deus retém a Sua Mão, por assim dizer, para dar lugar à execução do Seu plano de livre arbítrio [concedido ao homem]. A justiça [por trás de todo este sofrimento, aparentemente injusto aos nossos olhos] só será cabalmente satisfeita, depois que a cortina descer sobre o atual palco da vida, as luzes desse teatro se apagarem e sairmos todos, então, para o Mundo Real [a vida eterna com Cristo]”.

Mas, o que a Bíblia tem a nos Dizer sobre o Problema do Mal?

Neste momento, devemos recordar aqui as palavras de Paulo que envolvem a questão sobre o problema do mal no mundo:

“18Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada,[...]20Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, 21Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.18, 20-21).


Neste trecho das Escrituras, Paulo fala sobre três aspectos básicos do mal em nossa condição humana:

Primeiro, é dito que o mal é algo temporário e está relacionado a este mundo e que também ele contrasta, portanto, a uma condição melhor que esta, a qual se revelará no futuro (v.18).

Segundo, Paulo diz que “a criação (no sentido mais amplo) ficou sujeita à vaidade” (v.20). Aqui, a palavra “vaidade” (gr. mataioteti), pode ser traduzida, por exemplo, como “futilidade, vacuidade, vazio, inutilidade, esterilidade”. Em outras palavras, o apóstolo está dizendo toda a criação está sujeita ao caos e à inutilidade, condição esta que foi provocada primariamente pelo pecado humano. O que está em foco aqui é a questão do sofrimento como um todo. Deus sujeitou toda a sua criação a uma existência aparentemente “vã”, permitindo (no caso dos seres humanos, por exemplo) que fôssemos suscetíveis a todo o tipo de sofrimento, quer seja provocado por desastres da natureza, por enfermidades, por quaisquer outras tragédias e até mesmo pela morte. Tal sujeição teve e tem o propósito de ensinar a todos os seres humanos o quão terrível é o pecado, bem como, como são trágicas as suas conseqüências para a nossa vida.

Terceiro, o apóstolo nos diz ainda que a nossa condição humana (permeada por todos os tipos de adversidades e reveses) terminará por redundar, de alguma forma, em um bom resultado, pois “a mesma criatura será libertada [um dia] da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (v. 21).

Resumindo, Paulo está nos ensinando que não devemos “depositar todas as nossas fichas” ou “apostar todas as nossas cartas” na nossa efêmera, breve e instável existência terrena que, aliás, um dia acabará. O apóstolo está nos convidando para elevarmos os nossos olhares para além das nuvens, a fim de que ajuntemos o nosso “tesouro” no céu, onde a traça e a ferrugem não conseguem exercer o seu poder destrutivo e também onde os ladrões não poderão mais nos roubar (cf. Mt 6.19-21).

Uma Palavra Final

Bem, a fim de concluir o nosso pensamento, devemos dizer que o sofrimento é um intruso na criação de Deus. Deus nunca intencionou que ele existisse. Todavia, o pecado entrou em nosso mundo e em nossa existência e, com o pecado, vieram juntos o sofrimento, os conflitos, as dores, a corrupção e a morte. Portanto, se há um culpado por trás de tantas tragédias na história humana, este culpado certamente não pode ser Deus, mas sim o próprio ser humano.

O homem, ao contrário do rei Midas da mitologia grega que transformava em ouro tudo o que ele tocava, mancha tudo o que toca. Devido à sua natureza pecadora, o ser humano consegue direta e indiretamente arrasar, destruir e corromper aquilo que Deus criou perfeito (por exemplo, a terra, o mar, o clima etc). Dessa forma, mais cedo ou mais tarde, o homem acaba se tornando o arquiteto da sua própria ruína.

Neste momento, você pode estar se perguntando: “Espere aí! Você está querendo me dizer que o pobre povo haitiano é o culpado por esse terrível terremoto que dizimou milhares de vidas?” Respondo: É claro que os próprios haitianos não têm nenhuma culpa ou responsabilidade direta sobre esse trágico terremoto. (Aliás, a minha oração a Deus é para que o povo haitiano possa se recuperar o mais brevemente possível dessa catástrofe). Mas, o ser humano como um todo, independentemente da sua nacionalidade (pois Deus nos enxerga de forma supranacional), devido aos seus pecados historicamente acumulados, é o responsável por vários tipos de catástrofes, de forma direta e indireta. Devemos nos lembrar aqui que o homem, ao pecar, trouxe maldição não somente sobre si, mas também sobre toda a terra, a ponto de Deus declarar: “maldita é a terra por tua causa” (Gn 3.17).

Sendo assim, quem é o culpado por existirem tantas tragédias? O diabo? Os demônios? O acaso? A própria natureza? Deus? O homem? Bem, penso que o ser humano, de forma geral, é o maior responsável pelas grandes tragédias de sua própria existência terrena. Seus atos, como se fossem poderosos bumerangues, de maneira inexplicável, cedo ou tarde, acabam voltando na direção de quem os arremessou.

Além disso tudo, penso que o sofrimento, por mais desagradável que seja, tem inúmeros propósitos, tais como: 1) conscientizar-nos de que somos seres dependentes (de Deus); 2) fazer-nos ficar mais próximos de outros seres humanos, tornando-nos, inclusive, pessoas mais solidárias com o sofrimento alheio; 3) fazer o homem conhecer a sua própria miséria; 4) fazê-lo humilhar-se diante de Deus; e 5) fazê-lo saber que tudo na existência terrena é efêmero e que, portanto, ele (o homem) deve se voltar para valores transcendentes e eternos.

Ora, se quiséssemos mesmo ser pessoas honestas, em vez de perguntarmos apenas: “Por que um Deus bom permite que o mal exista?”, deveríamos perguntar: “Por que um Deus justo e santo permite que pecadores tão maus como eu e você ainda continuem vivos?”.

Depois dessa tragédia ocorrida no Haiti, alguém me perguntou: “Como Deus pôde permitir que cerca de 45 mil pessoas morressem? (segundo as estimativas atuais)”. Eu respondi: “Bem, se o Haiti possui uma população de cerca de 10 milhões de habitantes, como Deus foi misericordioso por preservar a vida dos mais de 9,5 milhões de pessoas restantes!”

Por fim, Como bem declarou C. S. Lewis (Idem, p.67): “[...] o sofrimento insiste em ser notado. Deus sussurra em nossos prazeres, fala em nossa consciência, mas grita em nosso sofrimento: ele [o sofrimento] é o seu megafone [de Deus] para despertar um mundo surdo”.

O ano de 2010 mal iniciou e este megafone já foi utilizado inúmeras vezes. Aliás, não sabemos quantas vezes mais ele ainda será usado. Diante disso, uma pergunta paira no ar: Quando será que despertaremos de nossa letargia?!

Em Cristo,

Carlos Augusto Vailatti

São Paulo: Cidade Cujos Caminhos nos Convidam a Pensar em Deus


No próximo dia 25 de janeiro de 2010, a cidade de São Paulo estará completando o seu aniversário de 456 anos. E, para comemorar esta data, em vez de falar, por exemplo, sobre a importância cultural, gastronômica, política e econômica da cidade, resolvi ressaltar outro importante aspecto da nossa metrópole que, segundo vejo, passa totalmente despercebido diante dos olhares da grande maioria dos paulistanos e paulistanas. Estou me referindo à forte característica bíblico-religiosa existente por trás de muitos dos endereços da nossa abençoada “terra da garoa”.


Como se já não bastasse o fato da cidade ter o privilégio de poder ostentar o nome do grande sistematizador da fé cristã, o apóstolo Paulo, muitas de suas ruas, travessas e avenidas também trazem consigo nomes que lembram alguns lugares e personagens da Bíblia, bem como, o conteúdo da fé cristã. E, se palmilharmos por alguns caminhos desta megalópole, ficaremos simplesmente surpresos por ver os itinerários que ela nos reserva. Porém, antes da nossa caminhada, duas observações se fazem necessárias. Primeira, todos os nomes de logradouros que forem citados a seguir, além dos seus respectivos bairros entre parênteses, são reais! Segunda, os endereços estão agrupados de acordo com as regiões da cidade nas quais se encontram. Bem, depois destes esclarecimentos, comecemos então o nosso “passeio temático”, ou seja, o nosso tour bíblico-religioso por São Paulo.


ZONA NORTE


Ao andar pela zona norte da capital paulista você poderá se deparar com locais tais como: Rua Eva, Rua das Promessas e Travessa Eternidade (Vila Medeiros); Praça Cruz da Esperança e Rua Galiléia (Casa Verde); Rua do Mestre (Brasilândia); Rua Éfeso (Vila Maria) e Rua do Perdão (Freguesia do Ó).


ZONA SUL


Depois, ao se dirigir à zona sul de São Paulo, você pode se defrontar com as seguintes localidades: Rua do Livramento, Rua Santa Cruz, Praça Dia do Senhor e Rua do Paraíso (Vila Mariana); Rua Árvore da Vida e Rua Jesus Cristo (Capão Redondo); Rua da Paz, Rua Verbo Divino e Rua dos Milagres (Santo Amaro); Avenida Divino Salvador e Rua do Céu (Jabaquara); Rua do Eterno e Travessa Lágrimas de Cristo (Grajaú); Rua Viagem ao Céu (Sacomã); Travessa Comunhão (Campo Belo); Rua Atenas (Jardim Paulista) e Rua Discípulos de Emaús (Cidade Dutra).


ZONA LESTE


Já indo em direção à zona leste da capital, você poderá “esbarrar” nos seguintes endereços: Avenida Mar Vermelho (Cidade Líder); Praça da Bíblia (Vila Matilde); Rua Timóteo (São Mateus); Rua Paixão e Fé (Vila Jacuí); Rua Adoração dos Magos (Penha); Rua Bom Jesus (Água Rasa); Rua Santo Cristo e Travessa Profeta Naum (São Miguel); Rua Assembléia de Deus e Rua Pentecostes (Vila Prudente); Rua Ascensão, Rua Nova Jerusalém, Avenida Dalila e Avenida Dedo de Deus (Tatuapé); Rua Profeta Jeremias, Rua Rei Davi, Travessa Pão e Vinho e Travessa Mar Morto (Jardim Iguatemi); Rua Apóstolo André, Rua Apóstolo Bartolomeu, Rua Apóstolo Filipe, Rua Apóstolo João, Rua Apóstolo Judas Tadeu, Rua Apóstolo Mateus, Rua Apóstolo Simão Pedro, Rua Apóstolo Tiago Maior, Rua Apóstolo Tiago Menor, Rua Apóstolo Tomé, Rua Doze Apóstolos e Rua dos Salmos (Cidade Tiradentes); Rua Apóstolo Simão Cananeu e Rua da Fé (Guaianazes) e Rua Criador (Itaquera).


ZONA OESTE


Além disso, se você andar pelos lados da zona oeste de São Paulo, você poderá “dar de cara” com os seguintes locais: Avenida Cristo Rei (Pirituba); Rua Éden e Rua Corinto (Butantã) e Praça da Ressurreição (Vila Sonia).


ZONA CENTRAL


Finalmente, se você se dirigir à zona central da capital paulista, você irá encontrar os seguintes endereços: Rua da Glória e Rua Espírito Santo (Liberdade); Rua da Consolação e Largo da Misericórdia (Centro) e Rua da Graça (Bom Retiro).
Estes exemplos de endereços reais que foram citados servem para nos mostrar que, São Paulo, além de ser a cidade onde se trabalha muito (como é conhecida), também é a cidade que respira, inspira e transpira religiosidade e fé cristã!


Aliás, através de alguns desses endereços que acabamos de ver, São Paulo nos oferece o itinerário completo que nos conduz à salvação. Se você duvida, então dê só uma olhada nisso.


Primeiro, entre na “Rua Viagem ao Céu”. Depois, vire à direita na “Rua do Mestre”. Esta rua tem a sua continuação com outro nome: “Rua Jesus Cristo”. Depois, se ajoelhe diante da “Rua Santa Cruz”, a qual desemboca na “Rua do Perdão” e é paralela à “Rua do Livramento”. Não se preocupe, porque esta rua é totalmente segura. A seguir, você verá uma bifurcação. À sua esquerda estará a “Travessa Mar Morto” e à sua direita a “Rua da Fé”. Entre nessa rua à direita, que cruza a “Rua da Graça” e a “Rua Espírito Santo”. Esta rua te fará chegar à “Rua do Paraíso” e à “Rua do Céu”, sendo que ambas te levarão a um mesmo endereço, uma rua extremamente íngreme, chamada “Rua Criador”.


Ora, Àquele que é Poderoso para nos conduzir até a presença do Pai, sejam o louvor e a glória para sempre!


Carlos Augusto Vailatti