Vern Barnet (“McClatchy Newspapers”, 15 de janeiro de 2010)
Kansas City, E.U.A. - O filme de ficção científica “Avatar” toma emprestado temas de muitas religiões.
O mais importante, ele coloca uma grande questão de fé.
Dos muitos temas emprestados, aqui estão dois.
A palavra “avatar” vem do Hinduísmo e significa literalmente “uma descida”. Um avatar é um deus descendo em uma forma humana como uma manifestação parcial do divino.
De certa forma, o filme insulta este uso tradicional. No filme ele é um ser humano, não um deus, que desce. O filme implica que a forma descendente da raça de pele azul em uma lua distante é inferior ao ser humano.
Ou, talvez, ao invés de insulto, isto seja ironia, visto que o termo avatar é utilizado pela companhia RDA [empresa que aparece no filme], uma potência colonizadora determinada a qualquer preço a extrair um mineral precioso chamado –UNOBTAINIUM.
Deuses hindus, sobretudo Vishnu, se tornam avatares para salvar a ordem do universo. O filme sugere que algo está terrivelmente errado com uma avidez voraz que leva a destruir o mundo da natureza e outras civilizações, e o avatar do filme deve evitar a catástrofe final.
A Árvore das Almas do filme recorda a história nórdica da árvore Yggdrasil, um exemplo de uma árvore que dá suporte ao cosmos, encontrada em muitas tradições. Sua destruição aponta para o colapso do universo. Estudiosos chamam tais árvores de Axis Mundi, o centro do mundo. A própria terra tremeu na história cristã da árvore da crucificação, destruindo o velho para uma nova vida.
No filme, o avatar deve salvar a Árvore das Almas da agressão humana para evitar uma catástrofe irrecuperável.
A grande questão religiosa que o filme levanta pode ser colocada desta forma: Será que vamos ver a criação hierarquicamente ou ecologicamente – governada a partir de cima ou por meio de interdependência mútua?
O filme prega este último, que uma rede de energia flui através de todas as coisas, que perturbar o equilíbrio natural leva ao desastre.
O cristianismo tem sido às vezes chamado de religião dos colonizadores, destruidores e dizimadores dos povos nativos.
Contudo, a insistência cristã na mordomia da natureza, ao invés de exercer domínio sobre ela, pode responder eficazmente a esta acusação. O ambientalismo cristão é enorme [quer dizer, a preocupação cristã com as questões ambientais é grande].
As novas tecnologias podem minimizar os problemas ambientais, mas a verdadeira solução pode ser uma reorientação espiritual. Em 2001, em Kansas City, a declaração da conferência inter-religiosa sobre os Dons do Pluralismo continha estas palavras: "A natureza deve ser respeitada, não apenas controlada. A natureza é um processo que nos inclui, não é um produto externo a nós. (...) A nossa atitude apropriada com respeito à natureza deve ser de admiração, e não de utilidade ".
O mundo de fantasia 3-D do filme é deslumbrante. Mas, será que a emoção irá lembrar-nos das belezas e maravilhas do mundo, e nos fará estimá-lo?
Texto Original: 'Avatar' raises question about creation.
Tradução: Carlos Augusto Vailatti.
Tradução: Carlos Augusto Vailatti.
Extraído de: http://wwrn.org/articles/32441/?§ion=miscellaneous
(Fonte: Worldwide Religious News, 19 de Janeiro de 2010).
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