
Tempos atrás, li uma notícia deveras inusitada em um jornal de circulação bastante popular na cidade de São Paulo. Após refletir sobre o assunto tratado nesse jornal, resolvi publicar o texto lido e tecer as minhas críticas pessoais sobre o mesmo. Segue o texto, bem como a sua crítica:
Moisés Usou Alucinógeno, Afirma Cientista Israelense
O especialista em psicologia cognitiva Benny Shanon, da Universidade Hebraica de Jerusalém, afirma que Moisés, considerado o principal profeta da religião judaica, pode ter ingerido uma substância semelhante à ayhuasca, conhecida no Brasil como chá do Santo Daime. A afirmação foi publicada em um artigo na revista de filosofia "Time and Mind" e causou polêmica em Israel. A idéia de que Moisés poderia estar sob a influência de "drogas" provocou a indignação de líderes religiosos em Israel e, segundo os críticos, a teoria de Shanon "é uma ofensa ao maior profeta do povo judeu". Segundo Shanon, a criação dos Dez Mandamentos poderia ser conseqüência de uma experiência com substâncias psicotrópicas, que alteram o estado cognitivo do indivíduo e se encontram em plantas existentes no deserto do Sinai. Foi nesse local que, segundo a tradição, Moisés teria recebido as Tábuas da Lei, consideradas a base da civilização judaico-cristã. Uma das obras de Shanon, o livro "Antipodes of the Mind", que analisa a relação entre a ayhuasca e a origem das religiões, foi publicado pela Oxford University Press, uma das editoras mais renomadas do mundo.[1]
Crítica Pessoal ao Pensamento de Shanon
O especialista em psicologia cognitiva Benny Shanon, da Universidade Hebraica de Jerusalém, afirma que Moisés, considerado o principal profeta da religião judaica, pode ter ingerido uma substância semelhante à ayhuasca, conhecida no Brasil como chá do Santo Daime. A afirmação foi publicada em um artigo na revista de filosofia "Time and Mind" e causou polêmica em Israel. A idéia de que Moisés poderia estar sob a influência de "drogas" provocou a indignação de líderes religiosos em Israel e, segundo os críticos, a teoria de Shanon "é uma ofensa ao maior profeta do povo judeu". Segundo Shanon, a criação dos Dez Mandamentos poderia ser conseqüência de uma experiência com substâncias psicotrópicas, que alteram o estado cognitivo do indivíduo e se encontram em plantas existentes no deserto do Sinai. Foi nesse local que, segundo a tradição, Moisés teria recebido as Tábuas da Lei, consideradas a base da civilização judaico-cristã. Uma das obras de Shanon, o livro "Antipodes of the Mind", que analisa a relação entre a ayhuasca e a origem das religiões, foi publicado pela Oxford University Press, uma das editoras mais renomadas do mundo.[1]
Crítica Pessoal ao Pensamento de Shanon
Após a leitura desse texto, algumas observações devem ser feitas, as quais destaco abaixo:
Primeira, a opinião de Shanon de que Moisés teria sido um "usuário de drogas" (pedindo licença para empregar um jargão bem atual) não reflete, em hipótese alguma, um consenso acadêmico. Trata-se de uma opinião ultra-liberal que visa polemizar a figura de Moisés e que também possui objetivos editoriais/panfletários, isto é, objetiva a vendagem de livros, principalmente livros que envolvem assuntos relacionados à religião, os quais estão em alta já faz algum tempo nas prateleiras das livrarias de todo o mundo.
Segunda, ao dizer que Moisés poderia ter produzido o Decálogo influenciado pelo uso de drogas, Shanon demonstra total falta de conhecimento quanto à influência do Código de Hamurábi sobre o Decálogo, sendo que o Código de Hamurábi data de época anterior à deste (cerca de 1700 a.C.) e, ao que tudo indica, influenciou grandemente não só a formulação dos Dez Mandamentos, mas também a composição da legislação israelita como um todo.
Terceira, se Moisés tivesse, de fato, ingerido substâncias alucinógenas como sugere Shanon, tal fato comprometeria totalmente o seu raciocínio lógico e a sua capacidade de julgar as demandas existentes entre o povo de Israel, função esta desempenhada por ele, por exemplo, em Êxodo 18.
Quarta, a teoria de que Moisés teria usado substâncias psicotrópicas não encontra nenhum paralelo em toda a Bíblia, tanto nas páginas do AT quanto nas páginas do NT. Tal hipótese encontra sim paralelo, mas na cultura grega, através das profetisas que usavam alucinógenos a fim de poderem proferir seus oráculos àqueles que as consultavam e também na figura dos xamãs, os quais pertenciam a antigas civilizações.
Quinta, se há alguém que usou drogas nessa história, com certeza não foi Moisés, mas sim o próprio Shanon, que, em sua visita ao Brasil em 1991, experimentou o chá do Santo Daime pela primeira vez no Acre. Aliás, o próprio Shanon declara ter experimentado esse chá mais de 100 vezes![2] E depois, ainda "dizem" que foi Moisés quem usou drogas?!
E em sexto e último lugar, o próprio Shanon se define como alguém "sem-religião".[3] Sendo assim, não é de admirar que as suas declarações sejam desmedidas e absolutamente equivocadas. Tais declarações são próprias daqueles que não têm nenhum compromisso com Deus e nenhuma relação com o sagrado.
Abraços,
Autor: Carlos Augusto Vailatti
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[1] Jornal Metro, São Paulo, quinta-feira, 6 de março de 2008, p.7.
[2] Notícia publicada pela BBC Brasil em: http://oglobo.globo.com, de 04/03/2008.
[3] Idem.
Muito bom...
ResponderExcluirMoises não era muito normal mesmo...rsrsrsrs....mas falar em drogas é ir longe demais. O psicologo deve ter ficado com sequelas do chá...