"(...) a teologia no Brasil passou a ganhar respeito acadêmico a partir do impacto da Teologia da Libertação, movimento intelectual que percorre toda a América Latina a partir dos anos 60 do século passado, estimulado principalmente pelas ditaduras militares que assolaram o Continente daquele período. Além da novidade do método, inusitado na teologia, surgem conceitos até então pouco ou nada usados na 'Ciência Divina', como esperança, libertação, pobres, excluídos, e outros que, no conjunto, apontavam para uma reviravolta antropológica na teologia (...)".
"O empirismo e o método que permitiram à teologia afastar-se da metafísica e da abstração, deram aos teólogos latino-americanos, por exemplo, a oportunidade de adentrar-se criticamente no universo de outras ciências, como a história, a economia e a política (...)".
"Embora seja difícil acreditar, a teologia, a nobre ciência que deu origem aos centros de saber conhecidos por universidade, sendo ela mesma o ponto de partida do conhecimento, foi no Brasil desprezada até trinta anos atrás (...). Contudo, cursos de pós-graduação em teologia fora do sistema universitário, isto é, em instituições isoladas de ensino, não obtinham registro por parte das universidades credenciadas para isso, de diplomas que não estivessem sustentados por qualquer outro curso reconhecido. Quer dizer, o portador de diploma que, além do curso de graduação em teologia não possuísse outro qualquer reconhecido, não obteria o necessário registro (...)".
"(...) os seminários nunca ultrapassaram os limites da formação técnico-profissional de seu corpo funcional. Assim, até o momento específico (...), a teologia, no seu sentido mais amplo, permaneceu abstrata e distanciada da realidade histórica. Restrita à sua função clerical, não era uma profissão, um campo de atividade humana socialmente reconhecido".
"Mesmo o protestantismo que, ao chegar ao Brasil no século 19 com seu grande projeto educacional civilizatório e pragmático, intentou inserir a teologia como um dos cursos superiores em suas escolas e com certa independência eclesiástica, encontrou resistência e não foi adiante. Essa resistência tem sido explicada pela idéia de que os futuros teólogos-pastores não deviam contaminar-se com a presença de descrentes. Então, a teologia protestante fechou-se na domesticidade das igrejas. Voltou-se para dentro de si mesma, indiferente ao que acontecia no mundo. Nas ebulições sócio-políticas ocorridas, por exemplo, em meados do século passado, os que entenderam ser necessário pensar teologicamente a realidade nova, perderam espaço em suas igrejas".
"O Parecer 063, de fevereiro de 2004, do CNE/CES, completando decisões anteriores das autoridades educacionais, regulamentou o reconhecimento de cursos de teologia e a validação de créditos cursados em seminários maiores, assim como a pós-graduação em teologia e ciências da religião(...)".
"Outra questão que poderá ser encaminhada na direção da completa emancipação da teologia em nosso sistema de pós-graduação é a da, até agora, complicada relação dela com as ciências da religião. Reconhecida como área de conhecimento autônoma e com validez legal, a teologia não mais necessita do apoio das ciências da religião. A proposta seria a seguinte: a pós-graduação em teologia ficaria naturalmente vinculada aos cursos de teologia e as ciências da religião emigrariam para outras áreas, como as ciências da cultura (...).
"(...) a teologia, agora como ramo de saber autônomo e oficialmente reconhecido, além do exercício estritamente religioso-eclesiástico, abre as portas para profissões que exigem curso superior como ponto de partida, bem como para a pós-graduação em qualquer área (...)".
Texto extraído parcialmente do livro: Teologia: Ciência e Profissão, pp.7-11. Autor: Antônio Gouvêa Mendonça (professor pleno associado da Universidade Presbiteriana Mackenzie).
"O empirismo e o método que permitiram à teologia afastar-se da metafísica e da abstração, deram aos teólogos latino-americanos, por exemplo, a oportunidade de adentrar-se criticamente no universo de outras ciências, como a história, a economia e a política (...)".
"Embora seja difícil acreditar, a teologia, a nobre ciência que deu origem aos centros de saber conhecidos por universidade, sendo ela mesma o ponto de partida do conhecimento, foi no Brasil desprezada até trinta anos atrás (...). Contudo, cursos de pós-graduação em teologia fora do sistema universitário, isto é, em instituições isoladas de ensino, não obtinham registro por parte das universidades credenciadas para isso, de diplomas que não estivessem sustentados por qualquer outro curso reconhecido. Quer dizer, o portador de diploma que, além do curso de graduação em teologia não possuísse outro qualquer reconhecido, não obteria o necessário registro (...)".
"(...) os seminários nunca ultrapassaram os limites da formação técnico-profissional de seu corpo funcional. Assim, até o momento específico (...), a teologia, no seu sentido mais amplo, permaneceu abstrata e distanciada da realidade histórica. Restrita à sua função clerical, não era uma profissão, um campo de atividade humana socialmente reconhecido".
"Mesmo o protestantismo que, ao chegar ao Brasil no século 19 com seu grande projeto educacional civilizatório e pragmático, intentou inserir a teologia como um dos cursos superiores em suas escolas e com certa independência eclesiástica, encontrou resistência e não foi adiante. Essa resistência tem sido explicada pela idéia de que os futuros teólogos-pastores não deviam contaminar-se com a presença de descrentes. Então, a teologia protestante fechou-se na domesticidade das igrejas. Voltou-se para dentro de si mesma, indiferente ao que acontecia no mundo. Nas ebulições sócio-políticas ocorridas, por exemplo, em meados do século passado, os que entenderam ser necessário pensar teologicamente a realidade nova, perderam espaço em suas igrejas".
"O Parecer 063, de fevereiro de 2004, do CNE/CES, completando decisões anteriores das autoridades educacionais, regulamentou o reconhecimento de cursos de teologia e a validação de créditos cursados em seminários maiores, assim como a pós-graduação em teologia e ciências da religião(...)".
"Outra questão que poderá ser encaminhada na direção da completa emancipação da teologia em nosso sistema de pós-graduação é a da, até agora, complicada relação dela com as ciências da religião. Reconhecida como área de conhecimento autônoma e com validez legal, a teologia não mais necessita do apoio das ciências da religião. A proposta seria a seguinte: a pós-graduação em teologia ficaria naturalmente vinculada aos cursos de teologia e as ciências da religião emigrariam para outras áreas, como as ciências da cultura (...).
"(...) a teologia, agora como ramo de saber autônomo e oficialmente reconhecido, além do exercício estritamente religioso-eclesiástico, abre as portas para profissões que exigem curso superior como ponto de partida, bem como para a pós-graduação em qualquer área (...)".
Texto extraído parcialmente do livro: Teologia: Ciência e Profissão, pp.7-11. Autor: Antônio Gouvêa Mendonça (professor pleno associado da Universidade Presbiteriana Mackenzie).
Nenhum comentário:
Postar um comentário